SÉRIE DE REPORTAGENS: LINGUAGENS DA ARTE LOCAL – PARTE 4

Raízes Musicais: A Conexão Artística de Cássio Borges, Artista Passo-fundense


A paixão artística do passo-fundense, Cássio Borges, teve suas sementes plantadas na infância, em uma escola que não apenas permitia, mas incentivava sua veia artística. “Desde pequeno, participava com entusiasmo das apresentações de datas comemorativas. Sempre me aproximei mais das professoras do que dos colegas, uma alma velha, o que me permitiu ter mestres inspiradores”, recorda o artista, ressaltando a importância da educação na formação de sua vocação.

Foto: Diogo Zanatta

A música, entrelaçada desde os primeiros anos, teve sua raiz na figura paterna. “Uma das primeiras lembranças é uma foto de bebê, segurando um violão de brinquedo. Meu pai, músico de bandas, influenciou meu contato inicial com a música”, compartilha o artista. Aos 15 anos, uma decisão marcante moldaria seu futuro: aprender a tocar violão sozinho. “Vivi exclusivamente da música por quatro anos, tocando em um bar icônico da cidade. Foi uma fase intensa, uma escola prática”, relembra, revelando a coragem de seguir sua paixão desde a adolescência.

As influências artísticas e musicais desse artista são tão ecléticas quanto inspiradoras. De um programa de TV que apresentava o palhaço “Mil Faces do Mundo da Leitura” a bandas como Roupa Nova, Rock Nacional e Internacional, e a música sertaneja, ele destaca a diversidade como uma influência crucial. “Essas referências me levaram a gostar de misturar e experimentar sons, culminando na decisão de começar a compor”.

“Viver é um rasgar-se e remendar-se”, citando Guimarães Rosa, o artista reflete sobre os desafios diários de sua profissão. “Acima do talento, eu acredito na gentileza. Para tocar as pessoas com qualquer arte que seja, é preciso ser gentil, estar disposto a dar o seu melhor e entender as pessoas que estão ali para te ouvir. Esse é o grande desafio do palco e também o grande barato”, o artista enfatiza a importância não apenas do talento, mas da conexão humana na arte.

A influência da cultura local é uma constante em sua jornada. O extinto grupo de teatro Viramundos, artistas locais como Giancarlo Camargo e bandas de rock autoral, como os General Bonimores, desempenharam papéis significativos em sua formação. “Passo Fundo oferece espaço para artistas, com diversas casas noturnas e rádios apoiando a música ao vivo. No entanto, destaco a necessidade de orientação para a profissionalização dos artistas”, comenta.

Suas mensagens artísticas, sempre impregnadas de alegria, buscam transmitir essa emoção única que ele carrega para o palco. “Dificilmente você não me verá sorrindo. Pelo menos em público. Deixo as minhas tristezas para a solidão. Sendo assim, sempre procuro levar como lei a alegria quando estou no palco, seja ele qual for”.

A visão do artista sobre o papel da música na sociedade é clara: “Com certeza. Música muda tudo. Muda nosso estado de espírito. Mensagens positivas na letra de uma canção podem melhorar o dia de alguém”. Ele destaca exemplos de artistas que utilizam o poder transformador da música para criar mudanças sociais positivas.

Sua expressão artística está em constante evolução, alimentada por uma busca incessante por inovação. “Ouvir uma variedade de músicas é fundamental para identificar elementos que podem inspirar novas criações”, revela o artista.

Projetos recentes, como o Sarau Pra Ser Amor, vencedor do Prêmio Funcultura, e a participação na Aldeia SESC Caxias do Sul, revelam a expansão de sua arte para novos horizontes. “Para o futuro, planejo lançar quatro músicas autorais em 2024, gravadas em home studio, e continuar com projetos bem-sucedidos como Música para Chá Revelação e Paródias por encomenda”, finaliza.

A trajetória de Cássio, assim como a de muitos outros artistas, está em constante evolução à medida que suas experiências se entrelaçam. Sua expressão artística representa uma fusão singular entre a vida e a arte, servindo como uma fonte perene de inspiração.

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