De geração para geração, um amor pela Paraíba e pela cultura

Por Beatriz Menezes

Há 30 anos Passo Fundo é palco de espetáculos que trazem conhecimento, cultura e alegria com o Festival Internacional de Folclore. O evento surgiu em 1992 e neste ano chegou a 15ª edição. Desde lá, entra edição, sai edição, a motivação continua inabalada: confraternizar e congregar grupos artísticos locais, do estado, de outras regiões do Brasil e do mundo. Nessa dança de culturas, idiomas e hábitos, ele já aproximou culturas da Europa, Ásia, América Central, América do Norte e América do Sul.

Em 2022, esse objetivo não mudou. De 05 a 12 de agosto, mais de dez grupos vieram até o município gaúcho para mostrar a cultura do seu país e região no CTG Lalau Miranda. O Festival ampliou seus braços e outras apresentações também foram realizadas na comunidade, escolas e shopping da cidade.

O que o Festival mostrou nesses 30 anos e se comprovou mais uma vez é que viajar, muitas vezes milhares de quilômetros, para apresentar-se a outro povo é um ato de amor, passado de geração para geração. Dois integrantes de um grupo em especial mostraram como essa construção é feita em uma família de dançarinos e músicos folclóricos. 

Grupos participantes na abertura do Festival. (Foto: Nexjor/Beatriz Menezes)

Nayanna Brito de 29 anos, e Brunno Morais de 25, são integrantes do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, de Campina Grande da Paraíba. Os dois compartilham do mesmo amor pela cultura do Nordeste. Brunno faz parte do grupo de Percussão, enquanto Nayanna é uma das dançarinas.

Juntos eles são pais de Maria Olívia, de apenas 7 meses. A recém nascida também viajou até o Rio Grande do Sul para acompanhar o Festival. A motivação pela presença da pequena é genética: a dança está presente em sua vida desde criança, antes de fazer parte do Grupo de Tradições Populares dançou na escola, em quadrilhas e grupos de forró.

Nayanna, Brunno e Maria Olívia no camarim. (Foto: Nexjor/Beatriz Menezes))

“Minha família gostava muito de festa, fazia grupo entre os primos. Então quando surgiu a oportunidade eu gostei e estou aqui até hoje. Só neste grupo já faz seis anos”, contou Nayanna na primeira noite de apresentações.

Foi graças a essa oportunidade que ela conheceu Brunno, um dos integrantes da banda. Os dois mantinham uma amizade, mas somente há três anos o relacionamento começou. Desde então as viagens e apresentações tem ficado cada vez melhores.

Nayanna dançando no palco do Festival. (Foto: Nexjor/Beatriz Menezes)

Assim como Nayanna, Brunno também foi inserido no meio musical desde muito jovem. Ele começou a aprender a tocar instrumentos musicais quando tinha 12 anos, e aos 17 entrou para o grupo atual, como integrante da banda. “Recebi um convite para conhecer, eu tocava em uma festa de frevo e me falaram que eles dançavam frevo, então fui assistir e me apaixonei pelo folclore e fui ficando, tanto que hoje estou aqui”, explicou Brunno.

Brunno cantando com o grupo de Percussão. (Foto: Nexjor/Beatriz Menezes)

Brunno também espera que o amor pelo folclore faça parte da vida de Maria Olívia e que futuramente ela queira participar dos grupos de tradições. “É uma situação que eu nunca imaginei que ia acontecer, porque eu sempre ia sozinho. E agora tá tudo uma coisa só, trabalho, diversão e família. É muito recompensador saber que estamos todos juntos. Espero que quando ela crescer venha ficar com a gente também”, acrescentou.

A bebê já viaja junto com os pais desde o primeiro mês de vida. Brunno e Nayana esperam que a filha siga os seus passos e queira fazer parte de grupos de danças, para continuar passando o amor pela cultura nordestina por mais gerações. “Espero que ela se interesse, acho que vai ser natural de uma forma ou de outra entrar nesse mundo. Espero que ela goste, e se ela gostar eu vou apoiar”, acrescentou.

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