De um lado apoio, de outro críticas: a imagem da Igreja Católica divide a opinião dos jovens
Não é de hoje que a Igreja Católica faz parte da vida de milhões de pessoas pelo mundo. São aproximadamente dois mil anos de história que levaram-na a tornar-se a instituição religiosa mais antiga ainda em funcionamento. Mas também não é segredo para ninguém que suas regras e ideias fechadas podem incomodar. Os jovens são contra elas e, hoje, o desligamento da juventude com o catolicismo só parece aumentar.
O ex-seminarista Everaldo Pires Fontella é formado em Filosofia e diz que as regras da igreja perante a modernidade não são mais válidas como eram no passado. Fontella acha que a família não participa da vida religiosa do jovem como participava antigamente. “A evangelização vem por parte da família. Aí veio a modernidade em si e a família não incentiva o jovem a ir para a igreja.” Segundo ele, hoje, os incentivos mudaram e se tornaram convites para festas ao invés da missa, mas a igreja também carrega um pouco da culpa. Diante de outras religiões a igreja católica parece estar parada no tempo. “Os jovens de outras religiões vão a casas de dependentes de drogas, por exemplo. O jovem da igreja católica, não. A igreja católica se acomodou.”
A juventude parece não aceitar as regras e doutrinas que a igreja impôs a muito tempo atrás. O catolicismo do século XXI têm mais de um bilhão de seguidores em todo o mundo. É a entidade religiosa com maior número de fiéis, seguida por muçulmanos, hinduístas e budistas. Mas, então, quais são os motivos pelos quais os jovens da atualidade não estão interessados em suas ideias?
Paulo Ricardo Moreira, estudante de 18 anos, explica os motivos pelos quais é contra as regras da Igreja Católica. “Não acredito que exista alguém, ou alguma coisa maior. Não concordo com as regras da igreja. Conheço muitos padres só que parece que certas coisas para eles são meio erradas. Suas ideias são muito medievais.” Paulo Ricardo se sente incomodado com tantas regras que o catolicismo impõe e concorda com a opinião da maioria dos jovens de que a visão da igreja é muito fechada e até desnecessária. Paulo cita que uma pessoa pode acreditar em Deus e não nos ensinamentos da igreja e ainda expõe uma crença: “Tenho muitos amigos religiosos que não vão para a igreja e nem por isso vão ir para o inferno.”
Em contrapartida na história está Paloma Mocellin, estudante universitária de 19 anos, que frequenta grupos de jovens da igreja e defende a religião. “Eu acho que a igreja católica é conservadora sim, mas acolhedora também.” A jovem conta que começou a ir na igreja por incentivo da irmã, Patrícia, e agora frequenta o local porque aprendeu a importância dele. “Eu vou na igreja porque gosto, preciso e é bom pra mim. Agradeço meus pais e, principalmente, minha irmã pelo exemplo.” Paloma até aceita a rigidez da igreja, mas acha que ela deveria se modernizar nesse quesito. “O catolicismo em si precisa largar um pouco esse conservadorismo. Deus é um só, então não é preciso regras extremas, apenas regras.”
O novo papa vai ter participação decisiva na busca pelo maior envolvimento do jovem na igreja. Segundo o ex seminarista Everaldo Pires, a escolha do novo papa é um grande avanço da igreja para conquistar os jovens que se sentem mal com o absolutismo da religião. “O papa Francisco é ligado mais a juventude e é esperado um grande avanço para a igreja católica e o jovem vai acabar sendo atraído para dentro dela.” É claro que certas doutrinas nunca mudarão, mas oque os jovens querem da Igreja Católica, independente da crença nela ou não, é que os entendam, respeitem suas ideias e, sem dúvida, suas escolhas.

