007 – Skyfall


O 23º filme do agente secreto 007 James Bond chegou aos cinemas na sexta-feira, 23, e o que deve ser dito é que os tempos mudaram.

Tudo que é “007”, em Operação Skyfall, já assume novas expressões desde Cassino Royalle (2003), quando Daniel Craig assume o papel de Bond. As temáticas que se incrustam na história do filme são totalmente atuais, abandonando o classicismo político dos 007 de antigamente. Ciberterrorismo, espionagem obsoleta e a democracia britânica acima de tudo são os novos motivadores políticos para o agente britânico. Em Skyfall, Bond tem que enfrentar o vilão Raoul Silva, ex-agente do MI-6, que volta para se vingar.

Muitas produções já passaram pelas locações europeias visitadas por Skyfall, dando o mesmo movimento a um enredo de perseguições de carros e lutas com o urbano londrino ao fundo, a exemplo da trilogia Bourne, que se ambienta muito bem em cenas de ação, com as sirenes dos carros de polícia europeus e com a melancolia dos cenários chuvosos e sombrios. Aliás, a fotografia de Roger Deakins, com cenários ambientados em paisagens deslumbrantes, aliada à economia de cortes nas cenas do diretor Sam Mendes, ajuda a criar cenas marcantes, como a explosão no MI-6 e da volta de James Bond à propriedade dos pais falecidos no interior da Escócia.

Craig criou um Bond muito mais introspectivo e flagelado. As cenas de confronto com o passado ao lado da chefe M., ambientadas na mansão abandonada dos Bond, mostram como a fotografia de Deakins pode ser ao mesmo tempo fascinante e melancólica. “Órfãos são os melhores recrutas”, diz M. para Bond às margens de um pântano escocês. Craig, como novo Bond, consegue dar continuidade ao enredo nas cenas de ação, como na luta no topo de um arranha-céu em Xangai. As tiradas de humor estão muito mais refinadas e menos escrachadas do que nos tempos de Roger Moore. O Bond de Skyfall sempre está impecável em cena: elegância e terno sempre.

A grande cartada de Skyfall é o vilão: Javier Bardem. Tem atuação e caracterização quase tão expressivas quanto à de Craig. O ex-agente que busca uma frenética vingança seduz o espectador com sua simpatia. O personagem ainda consegue, em meio a uma analogia sobre ratos que lutam e “se comem”, encontrar uma deixa para cantar Bond. A surpresa está na resposta do agente: “Acha que esta seria a minha primeira vez?” Uma crítica chegou a sugerir que Raoul Silva seria uma Carminha devido à interpretação para um psicótico perseguidor e também por sua caracterização – a loirice.

Os tempos mudaram. Nos outros dois filmes de Craig como James Bond, ainda se buscavam os intrusos que tramavam contra o MI-6, agora o que está em jogo é a relevância do trabalho de espionagem para a Grã-Bretanha. Assim como o clássico armista Q, desaparecido em Cassino Royalle e Quantum Of Solace e que já foi interpretado por Desmond Llewelyn e  John Cleese, agora reaparece na pele do jovem ator Ben Whishaw ( o Bob Dylan de I’m Not There). Um nerd prepotente de 25 anos que diz poder “fazer mais estrago com um laptop, e vestindo pijamas, do que você em um ano no campo”. O novo Q é um prodígio da informática e ajuda Bond a combater as armadilhas de Raoul (Bardem).

Outra coisa que chama a atenção no filme são as explosões: todas fazem parte do enredo da história. Quase como um personagem, elas ajudam a criar um significado particular para o efeito especial, são parte integrante do enredo, totalmente relevantes dentro do filme para a continuidade do enredo, como na cena em que Raoul Silva manda um helicóptero metralhar o Aston Martin DB5, carro clássico de Bond.

As novas impressões causadas por Skyfall aos fãs mais saudosistas são de que a atual conjuntura política e um Bond mais politicamente correto não tiraram a elegância e o glamour dos filmes de 007. De certa forma, tudo que o agente secreto faz em cena é muito único: o tiro, as perseguições de carro, as lutas; tudo tem que ser interpretado especialmente para James Bond. O filme consegue isso.

httpv://www.youtube.com/watch?v=6kw1UVovByw

[stextbox id=”custom” caption=”Ficha Técnica de Operação Skyfall”]
Diretor: Sam Mendes

Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ralph Fiennes,
Albert Finney, Ben Whishaw
Produção: Barbara Broccoli, Michael G. WilsonRory Kinnear, Helen McCrory
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade, John Logan
Fotografia: Roger Deakins
Trilha Sonora: David Arnold
Duração: 145 min.
Ano: 2012
País: EUA/ Reino Unido
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Sony Pictures Entertainment / Albert R. Broccoli’s Eon Productions
Classificação: 12 anos
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