Diário do clima

Sônia Bridi constrói um relato simples e, ao mesmo tempo, impactante de suas viagens ao redor do mundo em busca de vestígios do aquecimento global

Quem assistiu à série Terra: que tempo é esse? exibida pelo Fantástico em 2010 provavelmente ficou espantado com os efeitos do aquecimento global. Sônia Bridi e seu marido, o cinegrafista Paulo Zero, mostraram, por meio de relatos e imagens, a realidade que o planeta enfrenta, como as chuvas fora de época, o degelo, a seca e as mudanças das estações, provocados pela emissão de gases. Agora, imagine conhecer os bastidores dessas viagens. É a isso que se propõe o livro Diário do clima, publicado pela Editora Globo. Nele, Bridi conta o que acontecia também por trás das câmeras, em um relato humanizado, recheado de detalhes sobre as pessoas, os lugares e os fenômenos que presenciou.

A aventura se passou em 14 países, nos quais o casal enfrentou diversos desafios. Entre caminhar em perigosas altitudes, desertos e navegar em rios praticamente secos, aquele que ganhou mais destaque durante a narrativa e, talvez, tenha sido um dos mais difíceis de conquistar, foi a subida do Kilimanjaro, o ponto mais alto da África. Sônia leva o leitor a sentir a dificuldade de respiração, o medo de não conseguir chegar até o final e a alegria de alcançar o pico.

 Para quem se interessa por ciência, o livro é uma verdadeira aula. As entrevistas com diversos especialistas em questões ambientais, somadas aos relatos do que a autora via – e sentia – conseguem ilustrar a realidade que o planeta enfrenta. A autora traz diversas explicações sobre o tema. E prova, por meio das visitas aos lugares, como o desenvolvimento de um país está associado ao aumento de emissão de gases poluentes. E como as nações mais ricas constroem barreiras para se proteger dos efeitos do clima, enquanto as mais pobres precisam migrar de suas terras, fugindo das águas que cada vez avançam mais. Mas não é apenas uma aula de ciência, como também de jornalismo. Bridi conta ao leitor como gravava as passagens ou entrevistava pessoas de última hora, mesmo cansada. Pode-se ver além das câmeras não somente o que deu certo, mas também o que não deu. Sentir a pressão de chegar até os locais combinados, quando o tempo não estava a favor. Participar de rituais, sentir os costumes e a culturas de povos diferentes na pele.

Vale a pena ressaltar que o livro foi impresso em papel reciclado, demonstrando uma preocupação com a sustentabilidade.  Um convite sutil para a reflexão de nossas ações, desde as mais simples, como comprar um livro.

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Sônia Bridi é jornalista e repórter de televisão brasileira formada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi correspondente da TV Globo em Londres (1995), Nova Iorque (1996 a1999), Pequim (2005 a2006) e Paris (2008 a2010).

Bridi lançou um livro em julho de 2008 sobre a permanência na China entre 2005 e 2006. O livro chama-se Laowai – histórias de uma repórter brasileira na China, e foi publicado pela editora Letras Brasileiras. Também em 2008 foi finalista do Prêmio Imprensa, entregue pela Embratel, com a reportagem “Oscar Niemeyer – 100 anos”.

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