Quando não se domina determinado assunto, os riscos de se cometer equívocos ao falar sobre ele são grandes. Por isso, é preciso cautela e compreensão na hora em que nos propomos a disseminar informações que não sejam de nosso conhecimento, como assuntos relacionados a ciência e tecnologia.

Assim, o jornalismo científico se fundamenta na interação entre o jornalista e o cientista com o objetivo de decodificar um assunto relativamente complexo ao público leigo. Traduzir é sinônimo de êxito nesse processo de fazer jornalístico.
O trabalho nesse sentido é, quase que exclusivamente, de responsabilidade do jornalista, conforme análise da produtora do Globo Repórter, Ana Emília Dorneles. Ela afirma também que o processo, geralmente, não é um trabalho fácil. “O profissional de ciência gosta de falar para os seus pares. Então, convencê-lo de que ele tem que falar para a ‘tia’ é a coisa mais difícil do mundo”, exemplifica. A insistência, na visão dela, é o fundamental quando isso acontece. “Se for preciso, tem que dizer: ‘meu amigo, se você falar assim, ninguém vai entender. Sinto muito, a informação é destinada a pessoas que não vão compreender se você falar com linguagem técnica’, e se não tiver efeito, repete a pergunta quantas vezes for necessário”, argumenta Ana.
Entrevista em que os profissionais buscam expressar seus conhecimentos pensando em seus “pares” e não no público em geral é, certamente, a principal dificuldade em noticiar temas de ciência e tecnologia. Ao simplificar demais, a maioria dos profissionais acredita estar diminuindo a complexidade que o assunto envolve e, assim, surge o receio do julgamento pelos profissionais da mesma categoria. Mas, baseada em experiências do próprio Globo Repórter, Ana Emília insiste que não se pode perdoar essa realidade. “Se o jornalista não está entendendo, o público também não vai entender”, diz. E, se for levado adiante, o conteúdo fica comprometido.

Decodificar para informar. Essa é a regra. Seja no jornalismo científico, seja em qualquer outra área que exige interpretação, é o bom senso que tem que falar mais alto. A regra a ser seguida é a coerência, pensando em ambos os lados, fontes e público.
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