Os descendentes

Dramas familiares contados com uma pitada de humor e realidade.

O cenário é o Havaí, com direito às famosas camisas cheias de flores – até mesmo em reuniões de negócios – mas esqueça tudo que você lembra sobre o arquipélago: hotéis luxuosos, resorts, praias paradisíacas cheias de afortunados esbanjando dinheiro. A beleza e as camisas continuam lá, mas a realidade é bem diferente.

Os descendentes (The descendents) vai além de toda a estética havaiana idealizada em filmes e séries e mostra o cotidiano de uma família normal, com problemas e dramas reais, facilmente identificáveis pelo público. Aliás, o filme todo é como um mergulho na realidade. George Clooney – que acaba mostrando muito mais o seu talento em produções menores – é Matt King, um dos descendentes (daí o título do filme) da realeza havaiana e herdou juntamente com seus primos, algumas terras que pertencem à família. Pouco antes de fechar um acordo imobiliário – e milionário –, sua esposa sofre um acidente que a deixa em coma, e Matt vê a necessidade de se reaproximar de suas filhas Scottie (Amara Miller) e Alex (Shailene Woodley).

O filme é dirigido por Alexander Payne e segue a linha de seus filmes anteriores, como As confissões de Schmidt e Sideways – Entre umas e outras, ao abordar temas inerentes ao ser humano, misturando drama e comédia, como em certos momentos da vida quando não sabemos se é melhor rir ou chorar.

Payne não nos apresenta um filme cheio de truques e grandes inovações, Os descendentes está longe disso e, para quem curte explosões e grandes momentos, pode até funcionar como sonífero. O diretor aposta em uma narrativa clássica, tradicional e o foco fica por conta da história e dos personagens. E é uma história envolvente: os dramas familiares vão facilmente se desenrolando ao longo do filme, sem um momento único de reconciliação e um final forçadamente feliz. Tudo acontece de forma gradual, exatamente como na vida real. Pequenos gestos diários, simples descobertas e o diálogo aproximam Matt das filhas – que merecem destaque por suas atuações livres dos estereótipos de adolescentes revoltadas e crianças malcriadas. Shailene Woodley segura muito bem sua atuação ao lado de Clooney – até mesmo roubando a cena em alguns momentos – o que é louvável para uma atriz jovem.

Apesar de não contar com grandes nomes no elenco além de Clooney, e de seu diretor não ser muito conhecido entre os não cinéfilos, o filme vale pela história e pela forma como ela é contada. O roteiro, adaptado, pelo próprio Payne, da obra de Kaui Hart Hemmings, rendeu ao diretor um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e a lembrança de Os descendentes como um dos filmes do ano. É uma história de família, sem cair em clichês, que aborda perdas, aprendizados, traição e perdão de forma humana, sensível e divertida.

[xrr rating=3,5/5] [stextbox id=”custom” caption=”Ficha técnica”] Diretor: Alexander Payne
Elenco: George Clooney, Judy Greer, Shailene Woodley, Matthew Lillard, Beau Bridges, Robert Forster, Rob Huebel, Michael Ontkean, Mary Birdsong, Sonya Balmores, Amara Miller
Produção: Jim Burke, Alexander Payne, Jim Taylor
Roteiro: Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash
Fotografia: Phedon Papamichael
Duração: 117 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Comédia Dramática
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Ad Hominem Enterprises
Classificação: 14 anos

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