Fragmentos de uma história

Os monumentos de uma cidade ajudam a contar e deixar viva a história de cada acontecimento ou pessoa que contribuiu para a formação da cidade que vemos hoje.

Cristo Redentor, Elevador Lacerda, Arcos da Lapa. Certamente você já ouviu falar em algum desses monumentos. São todos muito conhecidos, afinal, aparecem constantemente na mídia e são visitados por milhares de turistas. Agora pense um pouco: você já reparou nos monumentos que existem aqui em Passo Fundo?

Todos os dias percorremos as ruas da cidade a pé, de carro ou de ônibus. Na maioria das vezes, pela correria que já se estabeleceu na rotina da maioria dos habitantes, os monumentos passam despercebidos aos olhos de quem passa.

O fato é que, percebidos ou não, estão ali por algum motivo importante e significativo. A criação de um monumento é uma maneira de deixar viva a história de cada acontecimento – seja cultural, social ou político – ou pessoa que contribuiu para a formação da cidade que vemos hoje.

[stextbox id=”custom” caption=”Monumento”]é uma estrutura construída por motivos simbólicos e/ou comemorativos, mais do que para uma utilização de ordem funcional. Os monumentos são geralmente construídos com o duplo propósito de comemorar um acontecimento importante ou homenagear uma figura ilustre e, simultaneamente, criar um objeto artístico que aprimorará o aspecto de uma cidade ou local. Estruturas funcionais que se tornaram notáveis pela sua antiguidade, tamanho ou significado histórico podem também ser consideradas monumentos.[/stextbox]

Cada monumento revela um pouco da nossa história e preservá-los é construir a memória da nossa cidade. Mas, infelizmente, não é bem isso que acontece. As estruturas, que são propriedades de todos, têm sido alvo de vândalos constantemente. Em setembro do ano passado, por exemplo, um dia após voluntários realizarem a limpeza e pintura do monumento da Cuia, na Praça Marechal Floriano, borrões e frases apareceram ainda na tinta fresca. Em outro caso, ocorrido em junho de2011, a imagem da lenda no chafariz da Mãe Preta foi pintada com tinta branca.

[stextbox id=”custom” caption=”Curiosidade” float=”true” align=”right”]18 de abril é o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.[/stextbox]Esses atos de vandalismo, que resultam em estragos nos monumentos, exigem um conserto. Isso, ao nos darmos conta, consome uma fatia significativa do orçamento público. Dinheiro este que sai do bolso do contribuinte e poderia ser investido em melhorias na infraestrutura, na área cultural e na saúde. Hoje vemos que os problemas causados pela falta de respeito vão além: muros são pichados, lâmpadas, placas e contêineres de lixo são destruídos. Diante desses acontecimentos, o desprezo pela cultura e memória da cidade fica em evidência e nos faz pensar ainda mais sobre a responsabilidade que temos pela conservação desses patrimônios.

[stextbox id=”custom” caption=”Ajude a preservar e denuncie!”]Caso haja flagrante de depredação em qualquer bem público, a denúncia pode ser feita pelo número 190 da Brigada Militar.[/stextbox]

Apesar de muitas pessoas não considerarem os monumentos importantes, temos o dever de mantê-los para que continuem a contar a história da cidade e de quem passa por ela. E é no intuito de resgatar a história de Passo Fundo que vamos mostrar, nesta primeira parte, os principais monumentos da cidade, onde estão localizados e a razão de sua existência. Embarque nessa viagem pelo tempo através dos monumentos da nossa cidade!

A CUIA

Onde está?
Praça Marechal Floriano, no “coração” da cidade de Passo Fundo

Ano de fundação: 1957

Quem fez?
A Cuia foi doada pelo então governador de São Paulo como presente pela passagem do centenário de Passo Fundo.

O que significa?
Símbolo oficial da cidade, simboliza o tradicionalismo e a hospitalidade do povo passofundense. Esse monumento mostra uma das tradições gauchescas, o chimarrão, que representa a cordialidade, a intimidade entre as pessoas. A hospitalidade é um valor constante da vida do gaúcho, e o chimarrão é um fato agregador que reúne e harmoniza por meio do ritual do mate o relacionamento entre as pessoas. Ao se formar uma roda de chimarrão, todas as pessoas se tornam amigas, já que o mate é servido numa só cuia, que passa de mão em mão. Aooferecer uma cuia de chimarrão para alguém, este é considerado um amigo.

A cuia encontra-se bem conservada,...
...diferentemente de seu suporte, que está quase coberto por pichações e rabiscos.

 

PROFESSOR ERNESTO TOCHETTO

Onde está?
Praça Professor Ernesto Tochetto, em frente ao tradicional colégio Protásio Alves.

Ano de fundação: 1963

Quem fez?
Obra do então prefeito municipal, Benoni Rosado

O que significa?
É a representação de uma sala de aula em homenagem ao emérito educador Ernesto Tochetto. As classes são representadas por estruturas de concreto construídas sobre o canteiro e ao fundo está o quadro negro, único recurso escolar de sua época. O busto do educador Tochetto sobre o pedestal na frente do quadro lembra a posição tradicional da autoridade do professor. Nascido em Guaporé, em 1902, desde jovem dedicou-se ao magistério. Em 1925 iniciou sua carreira como mestre no antigo Grupo Escolar Protásio Alves, tendo atuado como professor na Escola Normal Oswaldo Cruz, hoje EENAV, e no Colégio Nossa Senhora da Conceição. Além de educandários onde lecionava, preparava alunos para as mais diversas profissões, para os exames vestibulares, além de dar sua contribuição como professor na unidade do Exército da cidade. Faleceuem Passo Fundoem abril de 1956.

O monumento está riscado e sujo.
O monumento está riscado e sujo.
As “classes” hoje servem também para ponto de encontro. No momento do registro da foto, pessoas estavam sentadas no local e compartilhando uma cuia de chimarrão. Não há placa no local que explique o motivo do monumento.

 

BUSTO DO SR. GERVÁSIO ANNES

Onde está?
Praça Tamandaré

Ano de fundação: 1929

Quem fez?
Pinto Couto

O que significa?
É uma homenagem ao cel. Gervásio Annes, que viveu de 10 de maio de1853 a4 de abril de 1917, sendo, nessa época, figura de expressão política da região. Foi intendente do município por várias gestões, chefe do Partido Conservador, depois Republicano e chefe revolucionário de 1893, do lado dos legalistas. Um fato curioso é que o busto está posicionado de costas para igreja. Historiadores acreditam que isso demonstra o afastamento existente entre a Igreja e membros do Partido Republicano.

O monumento está bem conservado.

TEIXEIRINHA

Onde está?
Canteiro central da Avenida Brasil, entre as ruas 15 de Novembro e 7 de Setembro.

Ano de fundação: 1999

Quem fez?
Paulo Siqueira

O que significa?
O monumento é uma homenagem ao gaúcho e grande cancioneiro Vitor Matheus Teixeira (Teixeirinha), que levou o nome de Passo Fundo além das fronteiras com a música “Gaúcho de Passo Fundo”. A escultura é feita com sucatas e metais diversos.

O monumento está praticamente intacto.

LARGO CAVALEIROS DO MERCOSUL

Onde está?
BR 285, no Bairro São José.

Ano de fundação: 2000

O que significa?
É uma homenagem aos Cavaleiros do Mercosul. Inaugurado no dia 1º de janeiro de 2000, por ocasião do início da 4ª Cavalgada do Mercosul, rumo a Viña Del Mar, Chile. As cavalgadas têm por objetivo divulgar a interiorização da rota do Mercosul, passando pela BR 285.

CHAFARIZ DA MÃE PRETA

Onde está?
Esquina da rua Uruguai com a rua 10 de abril.

Ano de fundação: 1964

Quem fez?
Paulo e Lucienne Ruchel

O que significa?
Foi construído em terra doada pelo capitão Manoel José das Neves. A princípio, o chafariz servia para abastecer a vila de Passo Fundo. Nesse local há um painel contando a lenda da Mãe Preta. De acordo com a lenda, quem beber da água da fonte retornará a Passo Fundo. Na placa, ao pé do monumento, consta o pensamento de Lucila Ronchi: “Meu filho! Contemplo a amplidão do mundo por onde vais caminhar, porém meu amor profundo, sempre há de te acompanhar”.

Podem-se observar os vestígios da pintura com tinta branca.

MONUMENTO À MÃE PRETA

Onde está? Praça da Mãe, Avenida Brasil, em frente ao Colégio Fagundes dos Reis

Ano de fundação: 1964

Quem fez?
Paulo e Licienne Ruchel

O que significa?
É um conjunto arquitetônico que apresenta a escultura de uma negra e seus filhos. A obra rememora a lenda de uma escrava pertencente ao Cabo Neves, a qual perdeu seu filho.

Riscos predominam no munumento.

*Informações retiradas do site da Prefeitura Municipal de Passo Fundo e do trabalho do Grupo Pró-Memória – 1ª parte, 1994 a 1997. Coordenadora: Orfelina Vieira Melo (escontra-se no Museu Histórico Regional).

Fique ligado, em breve a viagem continua!

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