São 156 anos de história, 156 anos de conquistas, desenvolvimento, expansão e visibilidade. O município de Passo Fundo, conhecido como Capital do Planalto Médio, Terra do Teixeirinha e Capital Nacional da Literatura, conseguiu em quase dezesseis décadas uma notoriedade em âmbito nacional. Pólo de educação, saúde e agora desenvolvimento industrial, a antiga cidade GOIO-EN, nome dado pelo índios que aqui viviam, e que significa muita água, rio fundo e, por semelhança, traduzido como Passo Fundo, tem uma história através do tempo. Acompanhe a linha etária e saiba como se deu o construção da cidade de Passo Fundo – RS.
1857 – Passo Fundo!
Nasce um dos maiores municípios do Rio Grande do Sul. Dia 7 de agosto era instalada a Câmara de Vereadores de Passo-Fundo. O primeiro prefeito eleito foi Manuel José D’Araújo. O terreno da velha intendência na Avenida Brasil serviu como primeiro Paço Municipal (Prefeitura e Câmara de vereadores), mais tarde sendo transferido para perto do rio Passo-Fundo.

1865 – Procissões e Religiosidade popular
Os passo-fundenses idealizaram sua vida sacramental na Capela São Miguel, Igreja Nossa Senhora da Conceição e Santuário de Nossa Senhora Aparecida. A procissão de São Miguel era genuína da parte mais pobre, humilde, da cidade. Nasceu como um hábito dos negros e escravos em meados de 1860, portanto era muito difícil ver a alta sociedade participar dessas procissões. A Igreja Nossa Senhora da Conceição, construída em frente à praça Tamandaré, é a mais antiga do norte do estado. Realiza sua procissão de honra todos os anos em 8 de dezembro, dia em que a Igreja proclamou a Imaculada Conceição, ou seja, a mãe de Jesus.
1876 – Maçonaria
A primeira loja maçônica de Passo-Fundo instalou-se em 29 de abril, na rua Paissandu, mantendo-se até hoje. Um dos atos mais importantes da loja foi abrigar feridos da Batalha do Pulador, durante a Revolução Federalista.
1882 – Nicolau Vergueiro
Em 7 de março nasce Nicolau Araújo Vergueiro, importante figura do cenário político passo-fundense. Tem seu nome marcado por escolas, bairros e a majestosa casa na Avenida Brasil, um tesouro atualmente destruído. Foi o primeiro médico passo-fundense, formado na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Um médico dedicado e o mais influente político da história de Passo Fundo, sendo eleito conselheiro municipal, intendente municipal, Deputado Estadual, Presidente da Assembleia dos Representantes do Estado. Destinou verbas para hospitais da região, foi presidente de Honra do Sport Clube Gaúcho, cedendo um campo de futebol. Participou da Revolução Libertadora de 1923 a 1924, entre outras revoluções. Faleceu em 16 de março de 1956.

1894 – A Batalha do Pulador
Estourava a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, o distrito de Pulador foi palco da maior batalha desta revolução, em 27 de julho. Deixando muitos feridos e mais de mil mortos, sendo importante e definitiva marcando o final da Revolução. Um dia antes da batalha, o exército de maragatos, liderado por Arthur Oscar e Pinheiro Machado, desfilou pela Avenida Brasil, atravessando a cidade.
1914 – Construção do Hospital da Cidade
Independente das diferenças políticas, crenças, costumes e lógicas da época, o idealista Francisco Antônio Xavier e Oliveira tinha um grande desejo para o bem comum. Um objetivo: a cidade de Passo Fundo precisava de uma casa de saúde. De todas as partes vieram doações de inúmeras famílias, tijolo por tijolo. O que não vinha de doações, vinha dos trocados que eram depositados pelos posso-fundenses nas caixas de coleta espalhadas por toda a cidade. Muita gente participou dessa construção histórica, voluntários anônimos que trabalharam nos sábados, domingos e feriados para ajudar a erguer as pareces do hospital que que seu idealizador sonhara.
Numa demonstração de união e esforço, foi assim que nasceu, em 20 de julho de 1914, o Hospital de Caridade de Passo Fundo. Tempo depois o prédio veio a se unir com o Hospital Psiquiátrico construído sob a liderança determinada de Helena Engelsing Lângaro, formando o que é hoje o Complexo Hospitalar Hospital da Cidade de Passo Fundo.
1923 – A revolução que iniciou em Passo Fundo.
Na disputa pela presidência do estavam Borges de Medeiros, que concorria à reeleição, e Assis Brasil, pela oposição, ocorreram denúncias de fraudes nas votações e falsificação do resultado final. A revolução de 23, liderada por Arthur Caetano, em Passo Fundo e região, Batista Luzardo, de Uruguaiana e Alegrete, e Adalberto Correia que levantaria Quaraí e Santana do Livramento. O inicio estava previsto para a madrugada de 25 de janeiro, dia em que Borges de Medeiros tomaria posse. Os revolucionários passo-fundenses iriam cercar e tomar a cidade. Arthur Caetano da Silva então mandou uma carta ao presidente no dia de sua posse, pedindo que ele renunciasse ao cargo para que os guerrilheiros não derramassem sangue. Em 26 de janeiro, os comandados de Jango Padre atacaram o Quartel do exército. Os chimangos recuaram para a praça Tamandaré e transferiram munições para o prédio da Intendência
1935 – Construção da Catedral Nossa Senhora Aparecida.
Uma catedral construída em etapas. Inicialmente o projeto da catedral era em estilo gótico, mas não foi aceito devido ao custo muito alto. Em 1938 foram construídos os alicerces e a obra foi executada sem projeto definido, tendo um belíssimo e surpreendente resultado final. A Catedral Nossa Senhora Aparecida é hoje um dos maiores símbolos de Passo Fundo.
1946 – Surgimento do rádio em Passo Fundo
O ano de 1946 foi um marco para a comunicação no município de Passo Fundo. Até década de 40 apenas as capitais contavam um sistema radiofônico, com o fim da 2ª Guerra o meio de comunicação começou a se difundir, também nas cidades do interior. A rádio pioneira no município nasceu no ano de 1946, tinha o nome de Rádio Passo Fundo e contava com uma torre de madeira em frente à Igreja Santa Teresinha. Era rica em conteúdo e formou renomados profissionais na área da comunicação. Depois de vendida, a pioneira do radialismo Passo-Fundense se transformou na atual Rádio Diário da Manhã.
1959 – Hospital Beneficente Dr. César Santos
Construído em um terreno doado, o atual Hospital Beneficente Dr. César Santos, foi inaugurado em 30 de dezembro de 1959. Naquele ano a cidade já contava com outros dois hospitais, mas o atendimento ainda era precário. No princípio o Hospital Municipal, era dirigido pelas irmãs salvatorianas, à pedido do município, passando à Sociedade Pró-Universidade de Passo Fundo, e colaborando com o reconhecimento da Faculdade de Medicina. O médico Alberto Lago foi o primeiro diretor clinico da instituição, e no dia 03 de maio de 1960 foi realizada a primeira cirurgia do hospital.

1968 – Universidade de Passo Fundo
A criação da Universidade de Passo Fundo foi resultado da necessidade de profissionais qualificados que atendessem à Passo Fundo e região. Os primeiros cursos superiores, criados na década de 50, necessitavam, também, de uma entidade que garantisse sua manutenção. Então na união das duas mantenedoras do ensino superior, Sociedade Pró-Universidade de Passo Fundo e o Consórcio Universitário Católico, foi criada a Universidade de Passo Fundo. Uma instituição filantrópica e comunitária que tem como missão produzir e difundir conhecimentos. Hoje conta com uma estrutura multicampi, e é referência em todo o sul do país.
1974 – Reservas Ecológicas Arlindo Haas e Maragato
Preocupados com a proteção e conservação das florestas de araucária, da área então, chamada de “Invernadinha do Matadouro” um grupo de passo-fundenses recebeu em comodato no de 1974 a área para preservação, denominada hoje Reserva Arlindo Haas. Também no ano de 2007, era criada a Reserva do Maragato. Primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural do Planalto Médio. As reservas hoje contam com a colaboração de várias instituições e entidades que colaboram com a preservação, como a Universidade de Passo Fundo e o Batalhão Ambiental da Brigada Militar.
1981 – As jornadas literárias e a Capital Nacional da Literatura
Com o apoio do escritor Josué Guimarães e a iniciativa da professora Tania Rösing, no ano de 1981, aconteceu a 1º Jornada Sul-Rio-Grandense de Literatura, hoje Jornada Nacional da Literatura. Com o sucesso da primeira edição, realizada na Faculdade de Medicina o evento se tornou nacional e bienal. E em 1983, acontecia a 1º Jornada Nacional de Literatura, uma parceria da Universidade de Passo Fundo e a Prefeitura Municipal. O evento desencadeou na cidade diversos projetos em favor a leitura envolvendo autores e artistas, surgiram bibliotecas e livrarias. Devido ao grandioso movimento, Passo Fundo se tornou a Capital Nacional da Literatura e as Jornadas, Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul.
1992 – Festival Internacional de Folclore
Promover, preservar, apoiar, incentivar e conservar os valores culturais. O Festival Internacional de Folclore (FIFPF) criado em 10 de junho de 1992 veio com o principal objetivo de paz entre os povos. Tendo como principal fundador Paulo Dutra, o FIFPF é um espetáculo que já reuniu no município 84 países e 600 grupos folclóricos de diferentes estado brasileiros. O Festival cresce a cada edição e traz benefícios econômicos e a faz ser conhecida internacionalmente.
2007 – Fábrica de biodiesel – BSBios
Escolhido como o município de melhor localização e em abundância de matéria-prima, Passo Fundo instalou a empresa de biocombustível BSBios. Em 2007, mesmo ano do Centenário da cidade, a empresa começou suas atividades, gerando muitos empregos e tornando Passo Fundo referência nacional, também na área de biodiesel – matéria-prima oriunda da agricultura familiar.

2013 – Manifestações
O ano de 2013 sempre será lembrado pelos manifestos que tomaram conto do país. E em Passo Fundo não foi diferente. Uma série de manifestações, organizadas nas redes sociais, reivindicavam no princípio a redução do aumento da passagem do transporte público, mas este deixou de ser o assunto central, quando agricultores, médicos, professores, comerciantes, estudantes, todas as classes de trabalhadores, resolveram sair do conforto e ir reivindicar, cada um com seu objetivo. Mas o respeito a população, a valorização sempre estavam em pauta.
Thaís Biolchi e Maryana Rodrigues Nexjor FAC/UPF
