Subjetividade através do cinema

Um contraponto interessante de como os filmes podem se tornar objeto de estudo do ser humano.

O cinema ao longo dos tempos tornou-se uma forma de lazer e entretenimento. Diversas pessoas aproveitam as horas vagas para assistir filmes. Muitas delas vão até o cinema conferir os novos filmes na telona, outras já preferem o conforto de casa. Este momento de distração pode ter seus prós e contras.

Como arte, todo filme é complexo, provoca questionamentos e pede para ser compreendido. Ele não é só um objeto de entretenimento, visão que a maioria das pessoas possui, ele é questionador e propõe diferentes reflexões ao espectador. Todas essas leituras que podem ser feitas durante um simples filme, pode ser pesquisado por diferentes áreas do conhecimento, pois além de ser um objeto de diversão, os filmes podem ser objeto de estudo.

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Professor Gerson explicando como funcionam os encontros

A história, filosofia e a psicologia andam juntas neste pensamento. Professores e colaboradores destas áreas promovem encontros e a comunidade é convidada à participar. O professor do Curso de História Gerson Luís Trombetta, afirma que, “Existem sessões em que a gente discute filmes e estas sessões ocorrem quinzenalmente. Elas são abertas, são livres e a gente pode interromper os filmes a qualquer momento para marcar ideias, registrar diálogos, enfim, produzir conteúdo. Outra forma de participação da comunidade são sessões que tem acontecido especificamente em cursos de graduação e até mesmo em outras cidades”. De acordo com o professor do curso de psicologia, Francisco Carlos dos Santos Filho o estudo tem a “finalidade de discutir o ser humano, então tudo que diz respeito a condição humana nos interessa”, afirma.

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Professor Francisco fala do filme “Um homem ao lado”.

Um exemplo, segundo o professor Francisco, é o debate que foi realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UPF do filme “Um homem ao lado”, “Um homem que abre uma janela, num apartamento muito simples, de um prédio muito simples, que é fronteiro, ao lado de outro apartamento. São dois homens de mundos completamente distintos, um é um design de móveis e o outro é um campesino que quer um pouco de sol”.

Todas as leituras que podem ser feitas de um filme, a relação que o ser humano faz ao assisti-lo e identificar-se com a personagem do filme, é algo para ser compreendido. Segundo a psicóloga e psicanalista Luciana Cézar, “Estes entendimentos nos ajudam, inclusive, a intervir em situações do dia-a- dia e isso é produção de subjetividade. Mesmo quando tu tá assistindo um filme e tu se identifica com algum drama daquele personagem e à medida que aquilo vai sendo debatido e compreendido entre os participantes, tu vai dando sentido pra coisas que estavam enigmáticas dentro de ti e aquilo produz um alivio”, finaliza Luciana.

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Psicóloga e psicanalista Luciana Cézar.

Tentar compreender o ser humano através dos filmes estudados, é, acima de tudo, uma forma de identificar os principais aspectos que afligem o individuo. Ler e interpretar o mundo é algo natural do ser humano, mas tentar compreender-se através de um filme é um processo dificultoso, pois algumas inquietações não são identificadas pelo receptor. Muitas pessoas, ao assistir determinado filme, começam a falar ou até mesmo desistem de continuar assistindo, pois se identificaram com o drama do personagem e não consegue compreender o porquê. Analisar e tentar compreender determinados aspectos, além de colaborar para o entendimento do filme, é uma atividade interessante a ser feita e que deve ser estudada com cautela. Em alguns casos, é necessária a procura por profissionais da área para compreender o que o filme quer mostrar e descobrir os aspectos que incomodam determinado indivíduo.

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