… além de nossa imaginação e de nossas expectativas.
A leitura, muitas vezes, nos convida a acompanhar a trajetória dos vários personagens de um livro. Seu cotidiano, os caminhos percorridos, as diferentes paisagens visitadas. Em vista disso, o Rio Grande do Sul é um dos estados mais bonitos do Brasil. Sua cultura e paisagens inspiraram e ainda inspiram diversos romancistas a produzirem obras, que mais tarde, tornam-se sucesso, tanto nas estantes, quanto nas telonas.
O indivíduo pode criar imagens durante a leitura, e fazem emergir do ambiente que está sendo narrado, alguns elementos que ajudam a compreender e interpretar a visão do autor acerca do tempo histórico representado no romance. Não ache que as obras literárias servem somente para a leitura e para distração, através delas, é possível traçar mapas que representam a passagem do personagem no decorrer da história. A etnia alemã, a primeira a colonizar o estado, foi destaque em obras como a Divina Pastora e Um Rio imita o Reno, estas duas, desconhecidas por grande parte dos indivíduos, além de A Ferro e Fogo e o Tempo e o Vento, essas duas, de dois grandes escritores gaúchos, são bastante estudadas e conhecidas, por isto, os romances dos escritores naquela época, eram maiores desta etnia.
Quando Josué Guimarães escreveu A Ferro e Fogo, não imaginou o que aconteceria. Como os indivíduos daquela época sobreviviam em uma terra estranha? A saga de A ferro e fogo caracteriza-se, em maior parte, pela luta da sobrevivência e na identificação com as condições históricas rio-grandenses por parte de uma família. A partir destes dados, pode-se traçar, na certa, uma grande trajetória dos personagens destes livros: as cidades visitadas, a luta pela sobrevivência e a identidade com o local onde moravam, Cruz Alta.
Acadêmicos da Faculdade de História da UPF estudam cinco romances gaúchos, e, traçam mapas que ilustram o enredo das histórias. Eles dissecam o texto literário de maneira incomum e trazem algumas relações e informações que, de alguma maneira, ficariam ocultas sob outros olhares. A interpretação dos movimentos da sociedade gaúcha, a partir da colonização alemã é o principal objeto de estudo dos acadêmicos.

A professora do curso de história da Universidade de Passo Fundo, Ivania Campigotto Aquino, afirma que estudar os romances é uma outra forma que está se gestando de analisar a forma literária e apontar, a partir do universo literário uma plasticidade da literatura , “Com isso as metodologias da sala de aula se renovam na hora de abordar a obra literária por que o aluno pode visualizar aquilo que as palavras indicam através dos mapas que se desenham”, O projeto de pesquisa faz a relação da literatura com a geografia, “ O subgênero que eu pesquiso é o romance histórico e também uma delimitação ainda mais especifica que são os romances do Rio Grande do Sul e nós temos em nossa literatura os fatos históricos que formaram o estado”, destaca Ivania. Os romances estudados são: a Divina Pastora e o Rio Imita o Reno, que são romances desconhecidos pelo povo gaúcho, Frida Mayer, e as trilogias, A Ferro e Fogo e o Tempo e o Vento.
Os acadêmicos que auxiliam no projeto destacam que é importante ajudar nestas produções, para, principalmente, aliar a teoria à prática. Segundo Lucas Flores Hayet, o projeto “busca conhecer um novo ponto de vista da literatura, são mapas literários que nós estamos pesquisando, são poucos os teóricos e professores que pesquisam isso, seria uma literatura nova”. Já o acadêmico Jair Pereira, afirma que primeiramente conheceram os romances, e a partir disso produzem os mapas que demonstram o deslocamento do personagem, “traçamos este deslocamento dentro do espaço e trazemos a partir disso o enredo, se está ligado a que, a que outros personagens e qual a importância”, finaliza Jair.
Então fica a dica, já pensou em ler uma história e tentar traçar o trajeto dos personagens? Tente e descubra como a leitura nos faz viajar e imaginar novos caminhos e diferentes espaços, descobrindo um pouco mais da história do personagem e do estado.
