Pessoas comuns que levam o esporte à sério, não pelo dinheiro, medalhas ou popularidade
Equipamentos caros, boa forma, profissionalismo e muito tempo livre. Definitivamente esses não são elementos da nova fase do esporte amador. Em Passo Fundo e região, atividades diferentes das usuais, como a academia e o futebol de fim de semana, por exemplo, e que permitem contato com a natureza, sensação de liberdade e, sim, gratuidade, estão tomando a cidade e ganhando a força de vontade das pessoas. Em busca da vida saudável, sedentários procuram meios de deixar a preguiça de lado. Alguns não se identificam com os movimentos ritmados, limitados pelas paredes e com a paisagem que não muda: máquinas, ferros e música alta. Já outros começaram alguma atividade por incentivo de amigos, para preencher o tempo ou esvaziar a carga de tensão. A sintonia acontece quando se encontra o esporte que mais agrada. É como um flerte, que vira namoro; os mais fortes e determinados já pegos pela adrenalina/endorfina viciante se casam com o pacto de bem-estar, pelo resto da vida.
A estudante Francieli Engster, por exemplo. Há aproximadamente dois meses pratica caminhada e ciclismo. Começou determinada a fazer esportes de aventura. “ A gente começa e não quer parar e cada vez faz coisas mais radicais”, diz ela. Além de estudar, ela trabalha o dia todo e divide apartamento em Passo Fundo. Como muitas pessoas ela concilia a prática de atividade com a rotina, que segundo ela, não é desculpa. “A prática dos exercícios é compatível com o trabalho. Eles são feitos em horários alternados, e sempre sobra tempo pra estudar e cuidar da casa, enfim.” Tanta disposição reflete na maturidade e conhecimento sobre os esportes radicais, mas engana-se quem pensa que essa evolução significa se tornar profissional. Existem muitas corridas, enduros e iniciativas privadas que apoiam o esporte assim, de pessoas comuns que gostam, praticam e que não estão interessadas necessariamente no desempenho. Franciele, pratica pelo bem-estar e quando questionada sobre a possível profissionalização comenta que no máximo “ pretendo treinar e participar de corridas de aventura que tem premiação.” Sobre isso, um exemplo bem recente em Passo Fundo e que se pode citar foi o 2º Circuito de Corrida e Caminhada, de inciativa privada e apoio público, realizado no mês passado. Os mais de 400 competidores são um reflexo do grande interesse que muitas vezes passa despercebido quando fracionado em eixos de interesse e grupos.
Investimento
Não é difícil se deparar com um grupo de ciclistas que pedala à noite pelas ruas da cidade. Eles se concentram primeiro virtualmente, com o auxílio do grupo “Pedal na Noite”. A junção tem 225 membros e mais de 30 se reúnem fielmente para as pedaladas. Vanessa Rodrigues é uma delas. “Existem várias coisas boas, tipo superação do próprio limite, realização, amizades, alegria de acabar um percurso de 50 km, mesmo sendo em último lugar”, afirma. Ana paula Boscato é outra amante dos esportes que acompanha Francieli e Vanessa, e que se somam às centenas de esportistas amadores, com comprometimento pra lá de profissional. Elas dão fé que a procura é cada vez maior. Pacotes de rapel, rafting, e outros esportes são organizados em Passo Fundo e os grupos viajam para os locais da aventura. União que também garante a segurança; o desrespeito e a criminalidade é um dos principais problemas e que exigem atenção e saídas grupais dos esportistas. “O ponto negativo é o trânsito aqui em Passo Fundo onde nem todos os motoristas respeitam os ciclistas, claro não podemos generalizar. Também a insegurança de pedalar à noite” afirma Francieli. Esses são mais alguns dos desafios que essa turma tem de enfrentar em nome do prazer da atividade física. Seguramente os benefícios são maiores e, último ponto que faltava nesse pódio saudável é que “além dos benefícios para o corpo tem toda uma vida social que se inicia com essa prática de esporte, já que o círculo de amizades cresce a cada pedalada.
