Para estudantes do mundo inteiro, é corriqueiro: “se formos à aula, será de ônibus”. O tempo gasto dentro do transporte, as conversas que se ouvem, a paisagem no trajeto. Nosso inconsciente já monta um cenário ao redor do tema “tomar um ônibus”. Cada passageiro dentro de um ônibus é um personagem nessa história, que vai da partida do ônibus até o destino final.
Em Passo Fundo, uma estudante de medicina veterinária da UPF tem, assim como milhares de estudantes, a rotina pautada pela utilização de transporte público: Katherine Lehnem pega ônibus todos os dias. A estudante de 18 anos precisa do coletivo porque nem ela nem sua família têm outra forma de transporte. Segundo ela, andar de ônibus já virou um hábito. “É uma questão de necessidade mesmo”, afirma. Estar apertado ou em pé, balançando, ouvindo música ou lendo um livro, as surpresas que surgem durante a viagem até a faculdade podem mostrar muito das pessoas que estão ali juntas, compartilhando do mesmo caminho até o trabalho ou faculdade. “Quando eu não estou de fone, isenta das conversas, eu percebo que alguém senta do teu lado e começa a conversar. Tu vês que não é só tu que tens que pegar ônibus todos os dias, que batalha, e, às vezes, tu começas uma amizade ali dentro do ônibus mesmo”, conta a estudante.
Adriano Cunha, 19 anos, estuda publicidade e propaganda na UPF e também assume a atividade de tomar ônibus todos os dias como um gesto usual da sua rotina. “Pego ônibus todos os dias para vir para a faculdade. É tranquilo. Só tem alguns horários que tu mal consegues ficar em pé dentro do ônibus. É espremido. Fora tudo isso, é tranquilo. Mesmo quando eu tenho que vir de manhã, não ligo muito pro aperto e também não vejo as pessoas reclamando”. Adriano pega ônibus na avenida Brasil, próximo ao Colégio Bom Conselho, e a conversa com ele, combinada ao depoimento de Katherine, ajuda a criar um pequeno perfil daqueles que dependem do serviço de ônibus em Passo Fundo. As condições impostas aos estudantes que vão para a faculdade nos coletivos já foram absorvidas por esses usuários, e as reclamações parecem não existir mais.
São Cristovão x UPF
“Hoje, como estou na faculdade, dependo do horário certo do ônibus. No meu bairro, São Cristovão, se tu perderes o ônibus para a faculdade, tu chega muito atrasado porque ele passa só de hora em hora.”
“No meu tempo, no bairro São Cristovão, tu não podias perder o ônibus, porque ele só passava uma vez. Eu preferia ir a pé até o centro e pegar ônibus lá do que esperar ele no meu bairro. Assim era mais rápido”.
A primeira fala ainda é de Katherine, a estudante de veterinária. Na segunda, encontramos o depoimento de Janaína Tasca, que há quinze anos cursou PP na UPF e usou a mesma linha que Katherine. Quando as conversas ao redor da utilização de transporte público começam a ser levantadas, começasse a pontuar os elementos que ajudam a compor a cultura do tomar ônibus em Passo Fundo: estar apertado dentro do ônibus na ida para a faculdade e a falta de coletivos em horários alternativos, dos bairros para a universidade, são características do serviço que estão presentes no cotidiano do aluno há anos e que o estudante já assumiu como corriqueiro, como fazendo parte do uso habitual do ônibus para a universidade. Como diz Katherine, “existem problemas, mas é tranqüilo”.
Janaína Tasca ainda lembra como funcionavam as coisas quando estava na faculdade. “No começo da faculdade eu pagava muito ônibus. Eu era da cultura de pegar ônibus. Mas no final a gente revezava pra vir de carro”. A publicitária ainda compara o quadro local com os dos serviços de ônibus nas cidades onde já esteve. “Em Passo Fundo, pegar ônibus é pejorativo, existe essa característica queem Porto Alegrenão tem, por exemplo. Morei nove anos no Paraná e acabei sentindo falta de poder pegar ônibus, porque lá na minha cidade, em Palotina, não tinha transporte público, apesar de ser uma cidade de 27 mil habitantes. Era um inferno”, completa a publicitária.
Tentar criar um perfil do aluno que pega ônibusem Passo Fundoé um pretensão bem complexa. São milhares de usuários com essa rotina. Além dos estudantes, são outras pessoas de várias procedências, outras minorias (com milhares de representantes) e que usam o coletivo todo o dia: os idosos, o trabalhador, quem não saber ler e escrever, as gestantes, os deficiente físicos. Um sistema de transporte públite atende uma população que gera várias demandas dsuas realidades: dos locais de onde vêm, para onde vão todos os dias, as limitações destes usuários. Empresa e município são os responsáveis pela adaptação do serviço a realidade de Passo Fundo
O vídeo a seguir, conta a história de Katherine com o ônibus e ainda expõem alguns dados do sistema de ônibus. Entramos em contato com a empresa responsável pela venda de passagens de ônibus, em busca de dados e de número de usuários e não houve retorno:
httpv://www.youtube.com/watch?v=iF8fsq5OjAI&

