E por que não envelhecer?

Foto: Clarissa Battistella

Quem disse que envelhecer é ruim? Uma terceira idade saudável não tem segredo, é preciso apenas saber aproveitá-la

Desafio. No dicionário, desinquietar, tentar.

Saber envelhecer é um desafio e, por ser um desafio, o Congresso Internacional de Estudos do Envelhecimento Humano 2012, que aconteceu entre os dias 29 e 31 de agosto, no Campus I da UPF, trouxe esse ponto para o debate.

“De onde vem e como se adquire esse saber envelhecer?” é o primeiro questionamento feito pelo professor Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Johhannes Doll. Há muitos anos atrás, quando a 2ª Grande Guerra Mundial terminou, uma nova conspiração chamada “conspiração do silêncio” teve inicio. Naquela época, o idoso era visto como uma pessoa sem função, sem lugar na sociedade. As pessoas envelheciam e se retiravam da sociedade, se aquietavam.

Como contra-proposta, surgem ideais, como o do filme Harold e Maud (1971), dirigido por Hal Ashby e lançado pela Paramount Pictures, contando a história de um jovem que não aceita as ideias da sociedade em relação ao envelhecimento e começa a se relacionar com uma mulher de 79 anos em uma aventura de humor negro e drama existencialista.

Foto: João Vicente

Segundo Doll, foi em 1961, após o surgimento dessa contra-poposta, que o idoso começou a ser descoberto como sujeito importante da sociedade. Após a visão médica descobrir à terceira idade, muitos outros segmentos passaram a dar importância para essa geração. Em 1963, o serviço social voltou-se ao idoso e em 1984 as universidades passam a se interessar por essa faixa etária: o idoso pode e deve seguir acumulando conhecimento. Aprender é um elemento importante para o saber envelhecer. E as descobertas não param:

“Nos anos 90, os idosos foram para a rua lutar por um ajuste na aposentadoria. Eles já não são mais reclusos e aparecem com perspectivas políticas”, diz Doll. Entre tantas preocupações referentes ao envelhecimento, em 1992 descobre-se o Viagra, afim de dar prazer a essa geração que cada vez mais foi valorizada. O comércio também percebeu que teriam um novo público, em 2004, e lançaram os créditos para idosos.

Johhannes Doll explica que saber envelhecer está ligado aos recursos que se possui e a forma como eles são explorados. Poder consumir, poder distrair-se, aprender não são privilégios para pessoas jovens, são direito de todos. “Saber envelhecer, também é saber viver”, conclui Doll.

Por todas essas motivações dedicadas a essa fase da vida, o professor Doutor Sérgio Trujillo Garcia, da Colômbia, afirma que “quando pensamos em terceira idade, imaginamos um envelhecimento pleno” e, continua: “Envelhecer com saúde requer, durante a vida, condições boas de saúde, lazer e educação”, completa.

O envelhecimento deve ser ativo, conforme o discurso dos professores. Deve ser, também, exitoso, ou seja, um final feliz, indolor, com o mínimo de sofrimento é o que se propõe. E para isso, existem a psicologia positiva e a educação vitalícia, já que “os problemas encontrados na velhice não estão apenas ligados à saúde. Outras condições desencadeiam os problemas”, explica Garcia.

Os estudos dedicados ao idoso não existem, apenas, para realizar mais uma pesquisa, eles são uma forma de melhorar a qualidade dessa etapa da vida. Garcia instrui sobre os sentimentos que perpassam por essa idade e diz que é importante – tanto para a educação, quanto para a psicologia – saber quais são as tristezas e alegrias do idoso, pois “a tristeza, assim como a felicidade são inerentes da condição humana, assim como a morte é inevitável e inexorável.”

Foto: João Vicente

O professor da Escola Superior de Educação de Castelo Branco, em Portugal, Doutor Henrique Manuel Pires Teixeira Gil, fala que apesar de haver um padrão de sentimentos, doenças e cuidados, “não devemos padronizá-los, pois, os idosos são que nem brinquedos: pensamos que são iguais, mas não são. Cada um é diferente, a não ser pelas semelhanças”, esclarece.

Os idosos, portanto, devem poder dedicar os últimos anos de vida, aqueles que vem como recompensa pelos anos trabalhados, dedicados aos afazeres de dever do ser humano, aos exercícios físicos, ao lazer  e aos passeios. Afinal, todos queremos poder aproveitar quando envelhecermos, ter esse final feliz, citado por Garcia.

Rolar para cima