A saúde na emergência do HSVP

Centro de referência médica ou centro regional de saúde? Como Passo Fundo se comporta como polo para o atendimento de demandas hospitalares? Esses questionamentos podem ser explicados e vivenciados no atendimento de emergência do Hospital São Vicente de Paulo. É lá que muitas pessoas vão procurar a solução para suas dores ou para tratar sintomas que podem indicar uma doença. A região norte do estado conta com essa referência para o atendimento de pacientes vindos de muitas cidades.

Mas existe uma diferença quando os pacientes do hospital são daqui e quando eles vêm de fora de Passo Fundo. Segundo o coordenador de emergência do HSVP e professor da Universidade de Passo Fundo, Dr. Julio Stobbe, cerca de 90% dos pacientes da cidade que vêm buscar atendimento são liberados após o primeiro diagnóstico. “Geralmente são consultas vistas e liberadas com receita médica ou com exames ambulatoriais. O número de pacientes de Passo Fundo que acabam internando no hospital é muito baixo para a emergência, e a maioria dos atendimentos são sempre consultas”. O médico ainda conta como a equipe procede para receber os pacientes que vem das cidades da região. “Os pacientes que vêm de outros municípios já foram triados por um profissional que já os atendeu na sua cidade. Os doentes que vem de outras cidades são doentes graves, que raramente serão atendidos na emergência e liberados. A grande porcentagem dos pacientes de outras cidades acaba internando, ao contrário dos pacientes da cidade”, informa Dr. Julio.

Após entrar na emergência, o paciente vai encontrar quatro grupos médicos que o atenderão: clínica médica, cirurgia geral, pediatria e ginecologia/obstetrícia. Todos os casos são atendidos por essas quatro áreas. Conforme o diagnóstico, o paciente será transferido. Passará por exames ou será atendido pelo médico que dará o diagnóstico especializado dos sintomas que a pessoa apresenta.

No setor de emergência, o grau de prioridade para o atendimento é a gravidade. “Nós não temos separação por convênio. Quem tem convênio tem uma facilidade maior na hora de conseguir leito, após o atendimento na emergência”, esclarece o coordenador. A prioridade para saber quem será o paciente atendido primeiro, na hora em que o médico chega a emergência, é estabelecida por aquilo que se entende como mais grave. Não existe distinção para quem será atendido pelo convênio ou pelo SUS, ao menos no Hospital São Vicente.

Rede de saúde x atendimento de emergência

A rede de saúde em Passo Fundo enfrenta uma crise burocrática para o atendimento de pacientes de baixa complexidade, e é dentro das emergências dos hospitais que essas pessoas acabam encontrando a solução para seus problemas. Quem opta por consultar nos Cais ou PSFs, passa por várias etapas para ter seu problema examinado e diagnosticado. Em um hospital, esse paciente é atendido por uma equipe de médicos e sai de lá com seu problema resolvido. Assim diz Dr. Julio sobre o atendimento de emergência: “As pessoas procuram a emergência, por ser um lugar de fácil acesso. Podendo aguardar um pouco, será examinado por uma equipe de vários médicos”. A população que é atendida no hospital tem mais chance de ter a sua doença diagnosticada, pois realiza exames e sai do atendimento com um diagnóstico e uma receita médica.

Se existe uma crítica a ser feita ao trabalho dos hospitais, ela pode ser estendida à população e ao poder público também. A rede de saúde é o local que deve receber o pacientes e definir o diagnóstico e a complexidade para o atendimento hospitalar, porém a série processos que se enfrenta e o longo caminho até a resolução do problema do paciente lotam as emergências. “O ideal é o caminho do atendimento da rede. É preciso que a população cobre do poder público maior agilidade no atendimento, que diminua progressivamente esses entraves. Pra que as emergências dos hospitais se reservem àqueles casos que já tem um diagnóstico médico de gravidade”, complementa Dr. Julio

A origem dos trabalhos

Antes de assumir o posto de coordenador, o cargo não existia. O serviço era prestado pelos médicos residentes. Aí surgiu o convite de juntamente com uma equipe de médicos, organizar o serviço e os fluxogramas para receber os pacientes que vinham das outras cidades da região. “No início, não existia contato com os outros municípios para receber pacientes. É muito raro um paciente que venha para a emergência sem que haja um contato prévio. Foi um longo trabalho até que se conseguissem conscientizar os colegas dos outros municípios, para que existisse o contato prévio para a organização, gradualmente”, acrescenta Dr. Stobbe. Hoje são vinte médicos, além dos residentes, que fazem o trabalho de assessoria e de preceptoria dos pacientes, ou seja, acompanhamento médico.

E assim, com o aumento da complexidade dos casos que o hospital recebe e ainda com a missão de ser um hospital-escola, onde os alunos de medicina da Universidade de Passo Fundo atendem e complementam sua formação tratando pacientes, Passo Fundo sempre é lembrada com polo na área de saúde.

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