Mas o que é isso!?

Praguejar é a melhor forma de fazer passar a dor!

F@#%**@!!  Mas que M@$#%*@!!  P#$@%¨&!!! 

Inevitável. Quem se machuca, pragueja. Do inesperado surge aquele brado de raiva e dor que ecoa aos quatro ventos. O dedo na quina da mesa ou da cadeira, pisar descalço em um carrinho de brinquedo, o dedo preso na porta! São tantos os riscos e perigos em uma casa que até é questionável a segurança dentro do lar.

Na lista de pessoas que não fogem do uso de alguma palavra salgada ao se ferir, está Maiara Batista. A acadêmica de direito, 20 anos, confessa que, na hora do susto do machucado, o palavrão vem e sai para tentar aliviar a dor. “Tu, querendo ou não, depois que tu te machuca, tu fica com muita raiva, e, parece que dizendo alguma coisa, alivia e te dá uma sensação melhor. Eu vejo com os meus amigos quando acontece alguma coisa ou no trabalho. Qualquer coisa que não dá certo, parece que xingando a coisa melhora”, relata Maiara.

Cientistas britânicos tentaram encontrar um fundo de lógica nesse hábito banal, ou seja, tentar provar que, ao soltar palavras mais fortes, a pessoa será capaz de obter uma sensação de alívio ou, até mesmo, de diminuir a percepção da dor.

Na Universidade de Keele, no Reino Unido, pesquisadores reuniram 64 pessoas para realizar a pesquisa “Palavrão = Menos Dor”. Em dois momentos distintos, os voluntários colocaram as pessoas com as mãos em água congelada. No primeiro momento, os pesquisadores solicitaram que as pessoas proferissem seus palavrões favoritos e mais proibidos. Em seguida, os voluntários gritaram palavras mais leves e sem referência, menos ofensivas.

Avaliando os resultados obtidos durante o teste de falta de educação, a surpresa. Quando as pessoas diziam as palavras mais feias que conheciam, conseguiam aguentar uma média de 2 minutos com as mãos na água, enquanto que, ao falar coisas comuns, conseguiam ficar cerca de um 1 minuto e 15 segundos. 45 segundos a mais comprovaram a tese de que ser “maleducado” pode ajudar a diminuir a dor de um ferimento ocasional aqui ou ali.

Mas como isso acontece?

Segundo a professora Doutora Ciomara Benincá, do curso de Psicologia da Universidade de Passo Fundo, ao criar alguma forma de distração enquanto se sente dor, pode-se desviar a atenção do cérebro da sensação de dor para outra coisa. “Em uma pesquisa nossa, crianças que passavam por pulsão venosa (exame de sangue), quando o técnico de enfermagem dizia ‘olha eu vou te picar’, ‘não te preocupa’, ‘é uma picadinha de formiga’, as crianças ficavam muito mais apavoradas do que aquelas cujos pais ficavam distraindo-as e conversando sobre outras coisas. Com essa técnica de distração, 90% das crianças não viram a picada, não houve reação de choro, não houve evitação. Então, durante uma situação de dor, a distração pode sim diminuir a sensação de dor”.

Mas a especialista adverte: “a dor repentina, não esperada, é diferente da dor consciente e provocada. Na dor que acontece de forma inesperada, o palavrão surge em razão da raiva. A raiva é um sentimento normal após a dor, mas o palavrão surgir aí é uma questão cultural. Talvez o palavrão ajude a desvencilhar os processos cognitivos do sentimento de dor e a desviar a atenção da dor que se sente naquele momento, mas surge como um costume, em razão da raiva”, pondera a psicóloga sobre os resultados da pesquisa.

O estudo britânico ainda descobriu que, quanto mais palavrões você usar durantes o dia, menos efeito “analgésico” ele terá sobre a dor. Por isso as mulheres tendem a suportar a dor melhor que os homens em consequência de, na maioria das vezes, serem mais educadas e retraídas e dizerem menos palavrões. Ou seja, gritar um sonoro V@#$%*!!! torna-se um remédio efêmero para os mal-educados.

Rolar para cima