O “novo” gênero jornalístico já existe há 50 anos, mas, ultimamente, tem ganhado mais espaço nas publicações
Uma dose de jornalismo, outra de literatura: será que essa combinação dá certo? O New Journalism – gênero surgido na imprensa norte-americana, na década de 60 -, é classificado como um romance de não ficção, caracterizado pela mistura entre as narrativas jornalísticas e literárias. Surgiu com o escritor americano Truman Capote, em uma publicação de 1956, intitulada O duque em seus domínios.
Tom Wolfe, Gay Talese e Norman Mailer: nomes considerados expoentes do gênero jornalístico. Para Wolfe, existia uma espécie de hierarquia da literatura, na qual o romancista ocupava o patamar mais elevado, enquanto o jornalista permanecia na escala mais baixa. Por esse motivo, o New Journalism surgiu para, de certa forma, satisfazer o desejo comum entre vários jornalistas: escrever um romance. No início da década de 60, as redações jornalísticas dos Estados Unidos eram povoadas por dois tipos de profissionais: os responsáveis pelas informações em primeira mão e aqueles que eram “especialistas em reportagens”, na definição do próprio Wolfe.
Os textos de reportagem permitiam mais liberdade de escrita. Com isso, ganhavam terreno e se aproximavam da narração realista de ficção, que, pelo menos em tese, não possuía nada de fictício nos relatos publicados. “Um novo e curioso conceito, vivo o bastante para inflamar os egos, havia decidido invadir os diminutos confins da esfera profissional da reportagem. Esta descoberta […] consistiria em tornar possível um jornalismo que… fosse igual a um romance.” É, Tom Wolfe estava certo.
Assim que obteve reconhecimento, o New Journalism adquiriu legitimidade e ganhou direito à pesquisa e conceituação. No entanto, o gênero não é inédito, mas parte de um processo de transformação literária, inspirada no realismo da sociedade, nas manifestações factuais e informativas, e nos relatos. Atualmente, também é conhecido como jornalismo literário, devido ao uso de técnicas da literatura na captação, redação e edição dos textos jornalísticos. Edvaldo Pereira Lima contrapõe os conceitos, explicando em sua publicação New Journalism X Jornalismo Literário que o novo gênero é apenas uma versão específica do JL – que já existia anteriormente.
Por um lado ou pelo outro, ambos fazem parte de uma remodelação do jornalismo tradicional, em que informação e literatura caminham de mãos dadas para fugir do texto padrão. Se o estilo vai significar, em um futuro próximo, o fim da pirâmide invertida, só o próprio tempo poderá responder. Por hora, fica a dica de um documentário bem bacana produzido pela TV Câmara no programa Almanaque sobre o novo jornalismo. Aproveite!
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Outros links para entender melhor o gênero:
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