Muito além de uma comédia, “O Casamento de Maria Feia” aborda traços psicológicos do ser humano, como o narcisismo e autoestima – características comuns aos seres humanos, mas que muitas vezes passam despercebidos. Uma reflexão sobre o cotidiano, sobre a nossa sensibilidade de valorizar somente o que é belo e desprezar o que não é.
Maria é uma moça aparentemente feia que vive com o pai – homem com pose de “cabra macho” – mas o que a torna feia, na verdade, é a ‘maquiagem’ que seu pai faz nela, que acaba por esconder a sua beleza.

A apresentação do espetáculo que ocorreu na noite da quinta (12) foi coordenado pela professora Helenita Ferrari e fez parte do circuito de “Teatro, Música e Psicologia” promovido pelo Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (IFCH) da Universidade de Passo Fundo. A peça, apresentada por alunos oriundos do curso de Produção Cênica, trouxe um debate com os professores Ricardo Buchweitz –coordenador do bate papo (Mestre em Letras-IFCH) – Astor Antonio Diehl (Doutor em História – IFCH), Suraia Estacia Ambrós (Mestre em Psicologia-IFCH) e Cilene Maria Potrich (Mestre em Educação-FAC).
Na roda de debates, influenciados pelo espetáculo, discussões sobre beleza e aceitação. Os conceitos de beleza mudaram com o passar do tempo. Na era medieval, por exemplo, as mulheres mais gordinhas eram consideradas um tipo padrão de beleza e sensualidade. Hoje a sociedade impõe que o corpo feminino deve exibir extrema magreza como padrão ideal e vendem a ideia de que esse seria o corpo perfeito – além de estimular a idéia de plena juventude, tentando eliminar as marcas do tempo preservando um rosto bonito e trazendo a premissa de beleza somente exterior.
Em sua análise, o professor Astor usou a expressão “a beleza da feiúra” para defender a idéia de que é possível transformar o feio em bonito e vice-versa. Não só o corpo físico, mas destacando a beleza interior do ser humano.
Os debatedores ressaltaram ainda a importância do teatro e a forma como essa arte proporciona um contato direto dos atores com o público sem a interferência de outras mídias, como as telas de TV ou cinema. Entretanto, as pessoas (principalmente as crianças) carecem de incentivo, muitas vezes por parte dos próprios pais, para se interessarem e se dedicarem à essa arte – excelente no desenvolvimento social do indivíduo, em sua desenvoltura e convivência em grupo.
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