Natural de Erechim, a jornalista Andressa Collet, formada em 2000 pela Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo, diz que nunca teve uma ideia precisa do que fazer no futuro.
Participante do Grupo Folclórico Polonês de Erechim, o Jupem, durante mais de quinze anos, ela viajou pela América do Sul e fez turnê com o grupo pela Europa, tendo contato com outras culturas e a organização de festivais. Por essa razão, pensava em cursar Relações Públicas. “A minha mãe questionou sobre qual seria o meu futuro seguindo essa carreira…”, conta ela.
Rita, a mãe, enxergava a potencialidade da filha que escrevia bem e gostava de ler. Sendo assim, com o incentivo materno, Andressa prestou vestibular para Jornalismo. Fez parte da segunda turma, que se formou no ano de 2000. Durante a faculdade, estagiou no Jornal “Voz da Serra” de Getúlio Vargas, filial do de Erechim. Depois, deu continuidade ao trabalho na sede principal.
Nesse percurso, ela perdeu a mãe – que não conseguiu ver a filha seguir o caminho que ela ajudou a escolher. “Minha mãe não viu meus verdadeiros e apaixonantes passos dentro da televisão…” na RBS TV, onde estagiou e depois foi efetivada. Foram sete anos de “escola” de formação dentro da empresa. “Produção, edição, apresentação… era feito de tudo um pouco, em equipe”, relembra Andressa. Trabalhou no Globo Esporte local, que era referência e conhecido pelo rally e o futsal – principais esportes na região.
Na época, ela namorava com o atual marido – que era jogador de futsal, e teve uma oferta de trabalho na Itália. Decidiram arriscar e foram juntos para um novo país! Eram pra ser dois, e já são quinze anos.
Ao chegar no país, Andressa fez uma imersão no idioma italiano, com aulas diárias e provas semanais. “O italiano é uma língua latina, com raízes parecidas com o português e o espanhol, por exemplo”, explica ela, que cita que o maior desafio não foi aprender o idioma, e sim se relacionar com os italianos. O objetivo era estudar para não deixar o currículo parado. Ela tem pós graduação em rádio e um doutorado em telejornalismo – ambos cursos feitos na Università La Sapienza di Roma, a principal universidade pública da Europa.

O jornalismo oportunizou que uma série de portas se abrissem para Andressa… inclusive a do grande palácio do Vaticano, onde a maior Autoridade da Igreja Católica vive.
A pós em rádio, inclusive, é justamente pelo primeiro contato com a Rádio do Vaticano, que Andressa ainda não conhecia e descobriu através da sogra. Ela enviou currículo e conseguiu uma vaga para estágio voluntário, no qual permaneceu por dois meses. Dentro da redação brasileira da rádio – que tem mais de 30 redações de muitos idiomas em sua estrutura, com o objetivo de transmitir a mensagem para o mundo inteiro -, ela trabalhou durante anos como freelancer.
Nesse período, Andressa engravidou. E, depois do nascimento do primeiro filho, Leonardo, e da licença maternidade, ela foi efetivada. “Nunca imaginei fazer uma editoria religiosa, mas é um desafio diário! Porque trabalhar transmitindo a mensagem do Papa Francisco é assim… ele é uma pessoa que vai além de seguir o protocolo. Ele sempre quebra o protocolo”.
Recentemente, ela teve o segundo filho – Lorenzo. E futuramente, não se imagina em outro lugar a não ser a rádio. Agora ela tem uma ideia firmada de futuro.
“Me sinto realizada com o que faço e a vida que tenho!”
A relação com a fé começou em casa, advinda de uma família metade italiana e metade polonesa. “A minha avó (materna) polonesa era muito religiosa. Sempre a vi com terço em mãos e rezando”, conta. E dos nove irmãos (homens) do pai, três foram padres. “Meu pai também entrou no Seminário, mas não seguiu esse caminho e, por isso, hoje estou aqui para contar esta história”.
Portanto, Andressa sempre teve uma relação muito forte com a Igreja Católica. Inclusive, no Natal, a família realiza uma celebração religiosa natalina para agradecer pelo ano que tiveram. Ela tem três irmãos, um pai muito presente e uma família grande, além dos muitos amigos. Esta é a parte negativa: a saudade da família. “Mas, como meu pai e minha irmã costumam dizer… toda escolha exige uma renúncia”, diz Andressa.
E ela escolheu estar do outro lado do mundo… e a renunciar encontros familiares e abraços amorosos. “Eu acredito que, mesmo longe do Brasil, minha missão está sendo feita”, observa ela.
Outra questão, é que apesar de vivenciar o cotidiano e ter cidadania italiana, existe sempre a situação do contexto desafiador de ser uma brasileira no estrangeiro. É outro desafio, que com fé… ela sempre acredita e ultrapassa.

Em uma destas transmissões, aconteceu o primeiro encontro dela com o Papa Francisco, em 2017. Sempre feitas da Basílica de São Pedro, em uma das Celebrações de Páscoa, ele foi ao encontro dos profissionais do Vaticano que fizeram parte do trabalho para agradecer e abençoar. Na ocasião, Andressa levou uma foto da irmã e pediu uma bênção para a realização do desejo da mesma de engravidar. “Ele me ouviu, disse para rezar para São Raimundo Nonato, e o mais engraçado é que um mês depois… eu fiquei grávida do meu primeiro filho”. Dos diversos contatos que a família teve com o Papa Francisco, Andressa cita essa como a mais marcante.
Em outro momento, a família estava reunida e o Léo recebeu a bênção do Papa em mais um encontro. E, em outra vez, o marido de Andressa, Marcelo e o Léo reencontraram o Papa em uma consulta médica.
A jornalista ainda teve contato quando ele fez uma visita à Rádio Vaticano e abençoou a barriga de Andressa, que estava grávida do segundo filho, na época. O último foi há algumas semanas… “Nós estávamos passando na frente da casa do Papa e eu ainda brinquei, disse ‘imagina se o Papa está na frente da casa agora”. Já não era sem tempo! Os responsáveis pela segurança pediram para pararem os carros, para que o Papa pudesse descer do seu carro e entrar na Casa de Santa Marta, onde ele reside.
“São encontros marcantes!”, diz Andressa sobre o Papa Francisco.
Enlaçada em uma vida de influências como a da família em ter fé e acreditar numa força maior, a da mãe na escolha profissional ou a do marido em fazer parte da mudança drástica (e certeira)… Andressa seguiu o caminho que tinha de seguir, para fazer o que ela sabe fazer. Todas as orações, as pautas e os amores a levam a um só lugar, ao qual ela sempre pode voltar: una mente felice.
