May you want to be journalist

Por Raquel Gehlen Favretto

O que é ser jornalista e quais as possibilidades dessa profissão? A Mariana Baciquetto, egressa do curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo, é uma das profissionais que pode responder essa pergunta. 

May, como é conhecida, queria ser escritora e atriz desde pequena. Quando estava no ensino médio, começou a escrever fanfics. Essa palavra é uma redução da palavra fanfiction, que em inglês, significa literalmente ficção de fã. Os textos são escritos por fãs, que utilizam um determinado trabalho existente e original para criar uma história própria baseada nele – sobre livros, séries ou famosos específicos. 

Essa ideia ganhou muita força com a internet, que oportunizou que o espaço se tornasse mais democrático, para que pessoas criativas soltem a imaginação e criem histórias próprias sobre suas pessoas, personagens e lugares favoritos. Além de serem publicadas, elas podem ser compartilhadas e comentadas por outros amantes da mesma temática. No caso da May, começou com Crepúsculo, que passou para The Vampire Diaries, e chegou à One Direction. 

“Surgiu um novo estilo de fanfic, conhecido como aus, onde as histórias são mostradas por prints (falsos) de redes sociais”, conta May, “e eu comecei a postar a primeira temporada de Wild Thoughts assim”. Apesar dela não ter realizado a divulgação, rapidamente a história conquistou aproximadamente 600 leitores. Na criação da segunda temporada, May sentia que a história poderia ser abordada de maneira diferente, e decidiu postar em forma de texto pelo Wattpad – uma plataforma para publicação de histórias autorais tanto de fanfics, quanto de livros e poemas, e etcetera.  

Quando uma amiga que também escrevia fanfic entrou em contato com a Editora Viseu e quiseram publicar sua história, ela indicou a de May. Ela conta que “não imaginava que ia tomar as proporções que tomou”, a história que, na época, já estava com 19.3 mil visualizações. Bastou May enviar os escritos originais, e a editora decidiu publicar. 

“Eu precisei mudar os nomes dos personagens, características físicas que são muito óbvias e algumas marcas”, explica May. O nome do livro é Haze, e ele vai ser lançado em todos os estados do Brasil pela Cultura, Americanas, Amazon, Mercado Livre, Submarino, Shoptime, Google Play e Apple. Também em Barnes & Noble (EUA), Casa del Livro (Espanha), El Corte Inglés (Espanha), Wook (Portugal) e Kobo. 

Não é estranho que May fez prova para cinco mestrados: três de escrita criativa e dois de roteiro para filme. “Passei nos 5, mas por conta da libra eu não tinha condições de pagar, então desisti”, explica. 

A virada de página na vida de May iniciou durante a quarentena, quando ela começou a dar aulas de inglês de graça pela Internet só para passar o tempo… e, assim, conheceu uma menina que morava em Londres e trabalhava como Au Pair (uma babá que mora na casa de família e recebe um salário). “Eu notei que podia fazer isso também, então consegui uma família e me mudei para cá”, conta ela diretamente da cidade da rainha. 

Tinha um tempo que ela já planejava morar na Inglaterra: “Sempre foi um lugar que eu quis muito visitar, amava a cultura e cresci ‘conhecendo’ por causa da One Direction”, explica. Fã da banda inglesa, ela se mudou para Londres meses antes de se formar em jornalismo, em outubro de 2020.

E a ligação da aventura profissional da May com a pandemia não termina na mudança de país – pelo contrário, apenas começa. Trabalhando como au pair ela tem tempo livre, então foi em busca de um segundo emprego – tanto pelo dinheiro quanto para continuar na área do jornalismo e da produção de conteúdo. “Agora, eu também trabalho como Embaixadora das Vacinas da Covid-19 para a SYCT (Streatham Youth and Community Trust)”, sendo responsável em passar informações sobre as vacinas, tentar desmistificá-las e também mostrar que muitas coisas em que as pessoas acreditam são notícias falsas. Além disso, duas vezes por semana ela está no Ônibus – um ônibus de turismo que anda por toda parte de Lamberth (uma área em Londres) e fica estacionado para as pessoas entrarem e tomarem a vacina (completamente de graça e sem precisar marcar horário). “Lá eu tiro dúvidas, converso com a população e também traduzo para pessoas que não falam inglês”, explica ela.

A versatilidade da vida profissional da May é um importante exemplo da necessidade e do diferencial do Jornalismo: seja combatendo a desinformação e influenciando a vacinação, ou escrevendo conteúdo voltado ao entretenimento que se tornará publicação em livro! O Jornalismo abre portas, mas para além disso, muda vidas. Como mudou a da May.

E ainda sobre mudança… quando foi morar em Londres, a jovem de cabelo colorido deixou em Erechim a mãe e a avó. “Minha relação com minha mãe é muito próxima… o mais difícil é lidar com a saudade dela”. A mensagem da música que a May considera da sua viagem e que ela tem até uma tatuagem – Ready to Run, da 1D -, é sobre poder ir para qualquer lugar com a pessoa que você ama! Então, entre realizar alguns sonhos e estar longe de outros amores, May equilibra a saudade e abraça a oportunidade! Sabendo e sentindo que quem ama está junto com ela de outra forma, e que o sacrifício tem uma recompensa.

Afinal, como cantam os meninos da banda que ela mais ama, na música favorita dela: queremos ser livres, ser jovens e estar prontos para partir. A May partiu pra cidade dela! E, agora que você sabe toda a história dela e já que tem muito inglês envolvido… may you want to be journalist like May.

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