A linhaça está cada vez mais presente na alimentação das pessoas. Porém, a quantidade ideal que se deve consumir ainda é uma incógnita.
Quem consome o produto acredita que ele pode ser eficaz para o bem-estar, regular o intestino e, além disso, ser um grande aliado nas dietas de emagrecimento. Mas, para saber quais são os reais efeitos do consumo, o curso de Nutrição da UPF testa o produto em dietas com e sem a linhaça. O principal objetivo é saber como ela interfere no perfil lipídico no organismo, ou seja, em alterações de colesterol e triglicerídeos, por exemplo.
A professora Nair Luft coordena essa pesquisa e diz que a linhaça é um produto que merece mais estudo, pois muita gente consome, mas não existem muitos resultados quanto à quantidade e efeitos que ela traz à saúde. O objetivo da pesquisa é investigar o ganho de peso em relação à dieta padrão, observar se a linhaça tem algum efeito em função das fibras e do ômega 3, que hoje também está sendo bastante estudado.
A linhaça pode ser encontrada nas formas de semente, farinha e óleo. É rica em ômega 3, que traz vários benéficos à imunidade e tem também o efeito conhecido como anti-inflamatório. O ômega 3 é mais encontrado em peixes, como salmão e sardinha, mas ainda não é muito consumido pela população, principalmente na nossa região.
Existem dois tipos de linhaça:
– Linhaça marrom: produzida em climas quentes e com agrotóxicos.

– Linhaça dourada: produzida em climas frios e sem a presença de agrotóxicos.

Na pesquisa, ratos são utilizados para analisar os efeitos da linhaça no organismo, pois o metabolismo deles é muito semelhante, geneticamente, ao humano. Durante 35 dias, os roedores consumiram a ração preparada pelo grupo de pesquisadoras. Para preparar a ração dos ratos, todos os ingredientes são pesados, de acordo com a receita e a dieta padrão pra eles.
A professora relata que o estudo foi feito com três grupos de sete ratos em cada. “Nós trabalhamos com o grupo “controle”, que recebeu a dieta padrão. No outro grupo, nós modificamos a fonte da gordura. Substituímos o óleo de soja pela gordura hidrogenada, que é uma gordura rica em gordura trans. No terceiro grupo, nós trabalhamos a modificação da padrão, continuamos com a gordura hidrogenada e introduzimos a linhaça”, explica.
A região Sul produz bastante linhaça. Houve épocas em que ela era somente importada, por isso era mais cara e não tinha tanta procura. Eliseu Jacomini é comerciante e na sua loja de produtos naturais a linhaça tem uma grande procura. “Há dez anos as pessoas sequer sabiam o que era linhaça. Hoje, se fizermos uma enquete, mais de 80%, 90% pelo menos já ouviu falar”, comenta. Ele diz que o preço é bem acessível, pois o quilo custa menos de 20 reais. E, como o consumo por dia não é muito (duas colheres são mais que suficientes), então, com 10, 15 reais é possível passar um mês consumindo linhaça.
Maria Sirlei Borges conta que começou a consumir a linhaça primeiramente para emagrecer e para regular o intestino e acabou gostando. “Eu vi que tinham benefícios para uma alimentação saudável, dá pra consumir com frutas, iogurte. Faz muito tempo que estou usando eu acho que vale a pena. Aconselho as pessoas a usarem, porque é muito bom pra saúde, pra se sentir melhor”.
Mas, afinal, qual a quantidade de linhaça que devemos consumir? A professora diz que ainda há lacunas quanto a isso. Alguns estudos mostram resultados, mas, para ter uma evidência, é preciso pesquisar mais. “Alguns dizem que são 40 gramas, outros 50, 30. Isto ainda não está muito definido. Na nossa pesquisa, nós usamos 2% de linhaça, que é uma quantidade pequena. Existem estudos que usam até 16%”.
É preciso um cuidado quanto ao consumo, porque o excesso pode tirar o efeito positivo. O ideal é comprar a semente e triturar, pois o efeito é melhor no organismo. Mas é preciso ter muito cuidado com o armazenamento. O recomendado é guardar num frasco fechado e que fique em um lugar onde não tenha luminosidade, ou acondicionar na geladeira.
O estudo ainda está na fase de análise dos dados coletados. Um dos resultados já revelados é a redução do colesterol nos ratos que consumiram a dieta com a linhaça. Agora, o grupo vai concentrar o estudo para saber a interferência da linhaça na perda ou ganho de peso.

