Na redação de O Nacional

O Nexjor continua sua expedição pelas redações de Passo Fundo, e agora visita o espaço do jornal O Nacional.


Os jornais de Passo Fundo compartilham a mesma região, mas mantêm formas diferentes de trabalhar o jornalismo. O Nexjor, em sua série, passou pelas redações dos três impressos que mostram o trabalho jornalístico factual e diário para o passo-fundense. Dentro da rotina de produção do jornal O Nacional, vamos contar como trabalham as editorias, como é o perfil do repórter de ON e qual é o caminho do texto que o leitor recebe todos os dias.

As páginas do periódico já circulam há 87 anos. Assim, estar dentro do espaço do jornal é estar em contato com mais de oito décadas de documentação histórica de Passo Fundo. Quem atualmente organiza o processo de produção e veiculação de notícias de ON é a editora chefe Zulmara Colussi. A jornalista nos ajuda a entender qual é o caminho do texto jornalístico produzido em O Nacional. “O texto começa a partir do momento em que se começa a pensar a pauta”. Os repórteres trazem suas ideias para as reuniões – que são feitas todos os dias às 13h30m da tarde, mas os temas para o que será publicado no outro dia podem vir de sugestões que aparecem na hora ou durante a semana. Depois da pauta pronta, o repórter sai a campo para coletar as informações. E é aí que a história real vai direcionar o texto.

Um jornal que coloca seus exemplares todos os dias nas ruas tem que estar atento para não cair no ostracismo e se tornar repetitivo. Entendendo isso, Zulmara conta que um texto pode tomar muitos caminhos diferentes durante a apuração que o repórter faz. “Tu montas a tua pauta e tu achas que esse texto vai sair de uma forma, mas ele não sai daquela forma. No decorrer, o repórter descobre que o caminho é outro. O foco da notícia pode mudar”. Escrever para O Nacionalé estar atento ao que aparece pela frente. O repórter está em campo, e o que acontece lá pode mudar aquela primeira pauta.

A redação de O Nacional trabalha sob a coordenação da editora chefe Zulmara Colussi.

Ainda sobre o formato do texto de ON, a editora destaca a clareza e os elementos que  o repórter pode usar na hora de passar as informações que coletou. “O título, linha de apoio, lead e ainda outros elementos dentro do texto como os infográficos, boxes e as fotos”. Depois do texto pronto, o material passa pelo editor, quando é avaliado, se existe o que é preestabelecido como padrão. Logo após, ele é destinado para a página da editoria a que ele pertence, na diagramação. Depois da diagramação, enfim,  passa para a impressão. Mas nem tudo gira em torno de se construir uma pauta, e depois, sair em busca dos dados que embasem, ou não, aquela primeira hipótese de texto. Muito do que está escrito nas matérias já era de conhecimento prévio dos repórteres. Na verdade, os textos têm muita influência das pessoas que os escreveram. “Ainda existe a parte de criação do repórter que vem da sua inspiração pessoal, do seu conhecimento de tema; tudo isso ajuda a compor o caminho do texto”, como conta Zulmara.

Para o trabalho dar certo alguma coisa tem que dar errado

Para falar do mundo dos esportes, o jornal O Nacional conta com o texto de Marcelo Becker. O jornalista escreve para o ON desde 2004, quando entrou como estagiário de Geral. Nesses primeiros dias de redação, já pedia para fazer a editoria que ele sempre quis: esporte. Hoje, depois de oitos anos, é editor.

Marcelo tenta dar espaço para todas as modalidades, tanto do município, como no estado e do país, e justifica o porquê de o leitor ser fiel à seção dele no jornal. “Todo mundo gosta de esporte, ou de alguma forma, está ligado com o esporte”.

De segunda a sábado, o Esporte é dentro do jornal e na segunda é veiculado num caderno só com as notícias que aconteceram no fim de semana, com enfoque especial para o futebol, carro chefe da editoria. Marcelo ainda aponta para os colunistas que ajudam o leitor a entender melhor o que acontece no mundo dos esportes. “Nosso destaque, dentro do trabalho da editoria de Esportes, são os colunistas Renato Marcilia (colunista da Teve Globo), Claudio Ricci (piloto de stock car e de GT3), e eu tenho minha coluna também onde eu falo bastante sobre o futebol local”.

Além de local, O Nacional é popular, o povo sempre lê sobre aquilo que mais lhe chama a atenção. E nas palavras do repórter de polícia, Gerson Urguim, “… as pessoas gostam de tragédia. São atraídas pelas notícias graves…”. Há pouco mais de um ano em ON, Gerson já trabalhava com a rotina de Polícia desde 2006 no jornal A Coluna, de Videira, em Santa Catarina. Em Passo Fundo, o trabalho do repórter é seguir o rastro das ocorrências. “Eu escolho as notícias mais graves. São as que eu procuro me aprofundar e as que rendem mais. Tem que ter o diferencial e mostrar um panorama diferente”.

O jornalista que escolhe trabalhar descrevendo o dia a dia, a realidade dos crimes e dos acidentes em uma cidade vai lidar com o que as pessoas, paradoxalmente, não querem ler. “Infelizmente, o ponto negativo da minha editoria é que alguém tem se ‘dar mal’ para que eu possa desemprenhar meu trabalho da melhor maneira. Mas é o meu trabalho, a profissão que eu escolhi”. Ainda que o texto policial fale de fatos trises, acompanhar o trabalho junto à polícia é o que Gerson mais gosta fazer. “Mas a melhor parte eu acredito que seja a questão da ação. A gente acompanha a polícia.  Vai junto. Às vezes é bem perigoso. Corremos certo risco, mas é a profissão. Isso que a difere das outras editorias”.

Urguim escreve para a Polícia.

Gerson reitera a fala da editora chefe Zulmara Colussi: o texto, às vezes, toma caminho diferente daquele que a pauta previa no início. E, quando se fala de factual, “a gente nunca sabe o que esperar. Hoje eu tinha outra pauta para fazer e surgiu um acidente com um menino”. Nas palavras do repórter, a principal característica da editoria policial é o fato de ela ser totalmente imprevisível.

À frente da vanguarda

Como durar 80 anos? Falando todos os dias da vida da mesma cidade? Aqui entra o desafio. E a forma como fazer isso é ser vanguardista é estar à frente de seu tempo e falar de coisas novas de forma jovem. O jornal O Nacional pode se colocar neste posto de pioneirismo. “A liberdade de criação e a audácia, que O Nacional sempre teve, fazem de ON um jornal especial. Não só agora, mas sempre foi assim, em outras épocas. Pioneiro, busca agregar tecnologias, ele experimenta. O Nacional é um jornal de vanguarda”. A fala de Zulmara traduz o jornalismo marca do ON. E, como parte da experimentação do jornal em criar novos formatos, a editora ainda ponta para o Avesso, o caderno jovem que aparece como ponta dessa vanguarda. “O formato do texto dele passa longe da formalidade do jornalismo. Com uma linguagem que é especificamente para se comunicar com público jovem. Isso é uma forma de inovar e de mostrar que o jornal O Nacional não se preocupa com determinados conceitos. Se está errando ou se está acertando”. Assim, quem um dia quiser colocar seus escritos nessas páginas, terá de partilhar desse mesmo espírito de vanguarda, que com 87 anos, ainda fala como um jovem para o leitor.

No vídeo, os depoimentos de quem faz a notícia para O Nacional todos os dias!

httpv://www.youtube.com/watch?v=YI_-tCmIybI&

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