No lado esquerdo do peito


No Dia do amigo o Nexjor relembra que a amizade supera qualquer barreira e se apoia na vontade de compartilhar

Aurélio, melhor amigo do homem, quando perguntado sobre amizade, tem um pensamento linear e imutável: “Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família”. Érico Veríssimo deixou, em meio aos escritos, o seu significado de amizade – “…um amor que nunca morre”. Shakespeare acreditava em um parentesco invisível – “…amigos são a família que nos permitiram escolher” – e Vinícius de Morais foi mais longe: “…enlouqueceria se meus amigos morressem”. Nenhum está errado. O problema é que nem mesmo as pequenas letras do Aurélio ou as profundas frases de Morais conseguem descrever, de fato, o que é e o que traz a amizade.

Semelhança, talvez, mas nem sempre. Há aqueles que nada têm em comum e, ainda assim, respiram a amizade. Há outros que tudo tenham em comum e, exatamente por isso, partilham do mesmo sentimento. Não há regra, não há exigência, não há contraindicação. Amigos são amigos e… só. E, para celebrar o mistério que torna as pessoas amigas, existe uma data – talvez a menos comercial de todas elas e que propõe, de fato, um momento de lembrança e valorização do sentimento.. Nos Estados Unidos e em parte da Ásia, por exemplo, o primeiro domingo de agosto é o dia para amigos trocarem cartões, presentes e ficarem juntos. A iniciativa de oficializar o Dia do Amigo, no entanto, é paraguaia. Uma campanha idealizada pelo médico Ramón Bracho discutia a valorização da amizade entre as pessoas. A Cruzada Mundial da Amizade aconteceu em 1958, em Puerto Pinasco. A partir do fato, o 30 de julho ficou conhecido como o Dia da Amizade. Ainda assim, não há um consenso internacional quanto ao dia correto, mas a data mais difundida é o 20 de julho.

Na Argentina

Com a chegada do homem à Lua, Enrique Ernesto Febbraro mandou quase 4 mil cartas a diferentes países propondo que a data ficasse marcada, também, pela comemoração da amizade. A justificativa propunha uma reflexão: se podemos ir à Lua, podemos também ser amigos e compartilhar ideias. A viagem de Apollo 11, para ele, foi “um feito que demonstra que, se o homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis”. A ideia pegou e passou a ser comemorada em diferentes países; em alguns, até por resoluções da lei.

No Brasil

Por aqui, a data popularmente conhecida é o 18 de abril, mas, de uns tempos para cá – com a popularização da internet e o alcance da informação muito mais perto – o 20 de julho chegou e fez com que a data de abril fosse esquecida.

Resolução da ONU

No ano passado, durante 65º sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a ONU propôs o tratamento da “Cultura de paz” e indicou a amizade como o sentimento mais nobre do ser humano. Em acordo com a ideia da Cruzada Mundial da Amizade, instituiu-se, então, o 30 de julho como o Dia Internacional da Amizade. Aceito unanimemente pela Assembleia Geral e apresentado por 43 países – inclusive o Brasil – mesmo que não comemorado, de fato, o Dia da Amizade é mais para o final de julho.

Conheça histórias de amizades onde lembranças e histórias são o carro-chefe da relação.

[stextbox id=”custom” caption=”Cláudia&Fernanda – por Cláudia”] “Não lembro exatamente do início da nossa amizade. Nem o dia, nem o motivo. Mas lembro das alegrias que ela me proporcionou e das inúmeras vezes que recebi apoio dela pra enfrentar alguma dificuldade. Amizade é diálogo, é confiança, é companheirismo… Clichês. Amizade é também desentendimento, mas acompanhado de perdão; é cada um estar em um caminho diferente, com rotinas diferentes, gostos diferentes, mas ao mesmo tempo não haver desencontros.

Quando penso em alguém parecida comigo, lembro da Fer, os gostos e os valores são os mesmos e ela é, sem dúvidas, um exemplo pra mim. Entretanto, ao pensar em uma pessoa totalmente oposta, lembro-me dela também.  Enquanto sou egoísta, ela pensa no mundo inteiro antes de realizar suas próprias vontades. Enquanto sou despreocupada com metas e futuro, ela planeja detalhadamente e sonha com as coisas que quer alcançar! Eu falo antes de pensar, ela pensa antes de falar.

São 10 anos de amizade. Ela me viu crescer e cresceu comigo. Incontáveis são as coisas que aprendi neste tempo de amizade. Influenciou desde o meu gosto musical até a minha escolha de profissão. Hoje, talvez, nossa amizade sobreviva de lembranças. E basta! As lembranças são tão fortes e boas que são suficientes pra dar continuidade ao carinho imenso que sentimos uma pela outra. E, sempre que encontro alguma dificuldade, algum obstáculo, tenho uma gigantesca necessidade de recorrer a ela, de pedir a opinião, a ajuda.” [/stextbox] [stextbox id=”custom” caption=”Grégori&Thiago – por Grégori”]

“Conheço o Thiago desde que ele nasceu. Nos criamos juntos. Sempre fomos muito próximos, até porque somos vizinhos. Mas a amizade vai além da vizinhança. Entramos em um movimento chamado CLJ – Curso de Liderança Juvenil – e esse sentimento aumentou consideravelmente. Admiro a autenticidade e a determinação dele. Ele não se importa com o que os outros vão julgar…

Uma vez brigamos por causa de uma bolita. Eu dei um tapa no rosto dele e ele deu um tapa no meu rosto. Nossas mães fizeram a gente pedir desculpas. No verão a gente ia até o mercado, só para fazer lanche. E optamos por fazer uma coleção de tazos juntos.” [/stextbox] [stextbox id=”custom” caption=”Felipe&Linediane – por Felipe”]

“Nos conhecemos a mais ou menos 9 anos, quando ainda estudávamos na 4ª série do ensino fundamental. A amizade, verdadeira de fato, iniciou mais tarde, há 7 ou 8 anos, porque no inicio, não nos dávamos muito bem. Quando passamos pra 5ª série, começamos a nos conhecer melhor e ter em comum os mesmos amigos, aí surgiu a amizade. Alguns anos depois a Linediane casou-se e foi morar em outra cidade, o aperto no peito e a saudade ficaram, mas a gente procurava sempre manter contato. Dois anos depois, ela voltou e começou a estudar comigo de novo, daí pra frente, a amizade só aumentou. Algumas brigas e desencontros aconteceram nesses anos, mas nada que abalasse nossa amizade.
De todas as coisas e “aventuras” que vivemos juntos, o que mais nos marcou, foi o ano de 2009, nosso último ano de estudantes, quando estávamos no 3° ano do ensino médio. Tudo foi especial e vivido em dobro, desde a entrada da Linediane na mesma turma que eu, até a última noite… a formatura. Nesse ano, tudo foi vivido intensamente. Muitas risadas, conversas, colas em provas e até puladas de muro no horário da aula chata. 2009 foi o ano que nossa amizade se renovou e aumentou mais ainda. De lá pra cá, não deixamos de nos falar, sempre estamos mantendo contato mesmo com a correria do dia a dia. Uma amizade que durará para toda vida!” [/stextbox] [stextbox id=”custom” caption=”Jaques&Cássio – por Jaques”]

“Somos amigos há 15 anos. Nos conhecemos antes da pré-escola, porque nossos pais eram amigos e acabamos nos conhecendo assim.  A amizade se solidificou mesmo quando começamos a estudar e conviver todo dia juntos  e nos finais de semana ir dormir um na casa do outro.  Até a quarta série éramos inseparáveis, quando estávamos juntos conversávamos muito na aula, e um dia a professora colocou um em cada canto da sala – o que fez a gente conversar em voz alta e a professora se arrepender  e colocar um do lado do outro, de novo.

Mesmo que a minha família tenha se mudado do interior para a cidade e eu tenha trocado de escola depois de um tempo, a nossa amizade continuou viva, mesmo que a gente não se falasse todos os dias. E quando ele veio morar na cidade, também, voltamos a nos falar todos os dias, passar tardes tomando Coca-cola, comendo salgadinho e jogando games de PC – que é algo que temos em comum.  A gente cresceu, começou a trabalhar e isso ficou mais raro. Ele morou em outra cidade durante um ano, então a gente só se encontra-se nos finais de semana e geralmente eu tinha que acordar ele por que ele vivia dormindo! Já aconteceram tantas coisas nesses 15 anos… Ele já quebrou a perna em pleno sábado, em uma festa e torceu o pé quando resolvemos atalhar um caminho. Como melhor amigo que sou, antes de me preocupar ou ajudar,  ficava rindo e ele reclamando. Hoje, moramos em cidades diferentes e os vemos nos finais de semana.

Eu admiro o Kako pelo amigo que ele é para mim, apesar de termos nos “separado” na quinta série, morar em cidades diferentes e não nos vermos com frequência,  ainda temos uma amizade sólida, de confiança  e sincera. Eu acho que o Kako e eu não somos amigos por acaso, para mim ele é um irmão que nasceu em outra família… até porque  juntos nenhuma mãe nos aguentaria. Ele é alguém com quem eu já ri muito, aprontei, briguei feio, me preocupei, bebi muito, mas principalmente pra mim, é alguém que eu confio e que não tenho vergonha de dizer que eu amo! Em 15 anos de amizade nada foi capaz de fazer a gente não se falar mais, não se ver e rir pra lembrar dos velhos tempos, afinal, não é todo melhor amigo que da um soco na cara do outro e depois conversam como se nada tivesse acontecido.” [/stextbox]

Rolar para cima