Obra que fala sobre vida de Marilyn Monroe deixa a trama de lado e dá destaque às interpretações
Por trás da beleza e do sucesso, uma mulher complexa e insegura.
É assim que Marilyn Monroe (interpretada por Michelle Williams – atriz refinada nos detalhes e uma das principais revelações da famosa série norte-americana Dawson’s Creek) é retratada em Sete dias com Marilyn, dirigido pelo pouco conhecido Simon Curtis, que até então só havia filmado para televisão. A obra é baseada em fatos reais e tem como fonte o diário de Colin Clark (Eddie Rodmayne), jovem que vem de Oxford em busca da inserção e do sucesso na indústria cinematográfica.
Para conseguir entrar no mundo do cinema, Colin resolve sair da casa de seus pais e ir para Londres para trabalhar como terceiro assistente de direção (cargo quase insignificante) de um filme de Laurence Olivier, um dos maiores atores e diretores da história do cinema. O que ele não imaginava era que a protagonista do longa seria Marilyn Monroe, a estrela máxima da época (dona de um brilho que ainda repercute nos dias de hoje).
Pressionada a realizar uma atuação convincente e em relação conflituosa com o diretor, Marilyn acaba se enamorando por Colin, que lhe serve como uma forma de refúgio.
Aos poucos a estrela vai se despindo de todas as suas máscaras frente a Colin, que se apaixona por ela. Marilyn é o mito que chega a um pobre mortal, confundindo o limite entre o real e o imaginário, principalmente na cabeça do rapaz. A situação assemelha-se com a que acontece no filme A princesa e o plebeu, interpretado por Audrey Hepburn (outro mito do cinema), onde a princesa se apaixona pelo repórter.
Diferentemente de muitos dos mais famosos trabalhos de Marilyn Monroe, o filme nem de longe pode ser considerado uma comédia. É um drama leve, capaz de prender a atenção dos espectadores. A narração é discreta, sem nenhum ápice e está preocupada em dar funcionalidade à história. Talvez esse seja o único ponto fraco do filme: a falta de um ritmo mais intenso no desenvolvimento da produção. Isso faz com que o destaque não seja dado à trama, e sim às interpretações.
Com uma boa trilha sonora (criada por Conrad Pope) – de ritmos leves e condizentes à intensidade do filme, e uma caracterização memorável no que diz respeito à maquiagem, figurino, design de produção e direção de arte, Sete dias com Marilyn destaca a figura de Michelle Willians que se apropria de tudo o que pode para recriar a complexa psicologia de uma personagem que era um poço de complexidade – e o faz muito bem, fascinando os espectadores com uma interpretação sutil e marcante.
No ano em que se completam 50 anos da morte de Marilyn Monroe, a produção de Simon Curtis pode ser entendida como um resgate histórico que reapresenta a figura de um dos maiores mitos do século XX por meio de uma faceta que é pouco conhecida pelo público: uma mulher tomada pelos medos e sufocada pela fama. Indo um pouco mais além, o longa recria os cenários e paisagens da época, dando um toque glamoroso ao tempo em que o cinema era o ápice da expressão artística.
[xrr rating=5/5]
