O mercado do eBook – que prometia expandir-se em pouco tempo – ainda anda a passos lentos no Brasil
A história começou com a TV. Com sua chegada, não foram poucos os que tinham certeza de que o rádio se extinguiria. Em seguida, veio a internet. Quem ainda continuaria lendo jornais impressos com a facilidade e rapidez quase instantâneas que a rede oferece? E foi assim também com o eBook. Livros que poderiam ser baixados por um preço muito baixo – às vezes até gratuitamente – seriam uma revolução no mundo da literatura. Mas, passados cerca de 40 anos do advento do formato, não é bem isso que se pode observar.
O bom e velho rádio continua fazendo sucesso com os mais diferentes públicos. A televisão é o meio de comunicação que atinge mais pessoas em quase todos os lugares do mundo. Os jornais impressos, apesar de toda a desconfiança, ainda continuam nas bancas e com milhões de assinaturas Brasil afora. E os eBooks? A impressão é que o gostinho pelo tato e pelo cheirinho de livro novo ainda não permitiu aos leitores brasileiros a adesão ao livro eletrônico.
Os eBooks surgiram em 1971, quando Michael S. Hart criou o mais antigo produtor de livros eletrônicos, em um projeto chamado Projeto Gutenberg. O primeiro eBook publicado foi On Murder Considered as one of the Fine Arts, ensaio de Thomas de Quincey. Desde lá, o mercado veio se desenvolvendo a passos lentos, principalmente no Brasil. Em 2009, a Gato Sabido, que hoje possui o maior acervo do país e mais de 33 mil curtidas na sua página do Facebook, contava com cerca de 300 títulos. Uma pesquisa da Simplíssimo, empresa que promove cursos de produção de eBooks e presta assistência a autores, revela que, hoje, a Gato Sabido possui mais de 7 mil títulos.
Projeto recupera livros em Passo Fundo

Em Passo fundo, apesar do título de Capital Nacional da Literatura, não é comum ver pessoas com livros nas mãos. Menos, ainda, portáteis e livros eletrônicos. Porém, existem iniciativas que exploram esse mercado e buscam colocar, com um preço praticamente simbólico, a literatura municipal nas mãos da comunidade. O projeto Passo Fundo se preocupa em promover o trabalho dos autores passo-fundenses. O administrador do site, Ernesto Pedro Zanette, explica que o objetivo deles é incentivar a publicação. “O projeto se preocupa em auxiliar o escritor a publicar seu livro.” diz. O site, além de livros de papel, vende também eBooks. “O eBook é uma tentativa de colocar à disposição do público leitor uma nova forma de acesso às obras publicadas.” explica Ernesto. Mas lembra que, como no restante do país, em Passo Fundo os leitores ainda não aderiram a esse formato. “Até aqui as vendas são irrisórias. Não representam, para o projeto, uma fonte de renda.” diz, apesar de o preço estar bem em conta. “Estamos disponibilizando uma cópia em PDF do livro por R$ 5,00.”
O projeto também tem outras iniciativas. A recuperação, em formato eBook, de livros já esgotados que só se encontram em coleções particulares ou sebos. Livros de Welci Nascimento, Jurema Carpes do Valle, Romeu Phitan, Gumercindo dos Reis, etc… Todos autores passo-fundenses. “Essas recuperações estão sendo efetuadas e possivelmente serão disponibilizadas, com autorização de seus autores ou familiares, de forma gratuita, para cópia na internet.” explica Zanette.
O mercado do livro eletrônico, que muitos sequer ouviram falar, ainda não caiu nas graças dos leitores, mas pode cair, afinal, o futuro do livro eletrônico ainda é incerto. O administrador do projeto Passo Fundo acredita que ele vai crescer e está se preparando para quando esse momento chegar. “Acreditamos que esse mercado vai se expandir, gradativamente, com possibilidade de se tornar uma boa fonte de renda para os autores e quando isso acontecer, queremos estar com uma boa biblioteca publicada em eBook.” diz Zanette.
Para aqueles que cresceram acostumados a frequentar livrarias e a folhear os livros, a adaptação não é tão fácil. Mas, para a geração que já nasceu acostumada com essa ideia, comprar os livros eletrônicos pode ser uma coisa tão normal como qualquer outra. Afinal, tudo gira em torno da adaptação. O mProdo como se fazem as coisas vai mudando de tempos em tempos, e o amigo de todas as horas não poderia ficar de fora.

