A liberdade da experiência e a experiência de liberdade

Uma chance para provar que o tempo é apenas uma questão de ponto de vista

Fim de ano, festas e comemorações. Quem pensa que esse trio é familiar apenas aos mais jovens, se engana. Para os grupos da terceira idade, a diferença está apenas na troca das madrugadas de sábado à noite pelas tardes de domingo. No último “bailinho” do ano, a nossa equipe acompanhou o grupo Raio de Sol, de Passo Fundo, para mostrar que a energia e a vontade de viver não têm nenhum tipo de preconceito.

O domingo (18) começou cedo para os idosos que participam do Dati. Dessa vez, o encontro foi no ginásio de Ciríaco, município localizado a aproximadamente 80 km de Passo Fundo. A saída foi marcada para as 12h30min e, pontualmente, o grupo – formado em sua maioria por mulheres – estava à espera da van que o levaria para a festa. Ao longo da viagem, a conversa concorria com o volume da música, frequentemente cantarolada por todas aquelas vozes experientes.

Avós, mães, filhas: senhoras, algumas viúvas, em busca de um pouco de alegria em meio a tanta desgraça na vida, usufruindo da companhia umas das outras, para acalmar a solidão com a qual convivem em seus lares, órfãs dos maridos que partiram antes delas, dos filhos que seguiram suas vidas em novas famílias e dos netos que preferem passar mais tempo em frente ao computador. Elas aproveitam a liberdade que chegou atrasada, mas não menos desejada, e dão uma verdadeira aula de vida a cada velha história que se torna nova aos ouvidos de quem nasceu há apenas duas décadas.

Na chegada ao local do baile, fila para entrar; mas, ao contrário da rotina de entrada nas casas noturnas, com jovens que tiveram acesso à educação e normas de bom comportamento, os idosos não se importam em esperar, em obedecer à fila indiana, e os homens não esqueceram o bom e velho cavalheirismo. Por ordem de chegada, os grupos são apresentados e fazem sua entrada no ginásio, sem limites para a criatividade e a animação.

httpv://www.youtube.com/watch?v=SoDEfzRAn6o

Quando começa a música, os casais tomam conta do ginásio. As mulheres dançam com seus pares, sozinhas ou com as amigas. A única regra é ser feliz ao seu jeito, se balançar de acordo com seu próprio ritmo. Em cada uma delas, os vestígios da vaidade que não se perdeu com o tempo e que aflora em cada detalhe das peças de roupas escolhidas especialmente para a ocasião. Ali dentro, é possível assistir a um verdadeiro desfile de rainhas, princesas e misses que venceram as barreiras do tempo e ostentam orgulhosas suas faixas coloridas.

 httpv://www.youtube.com/watch?v=ys26wLirrgc

Os idosos, diferentemente do que muitos pensam, também apreciam uma cervejinha gelada, mas todos sabem beber com moderação; o espaço é pequeno, mas eles dançam e respeitam um ao outro. Eles também entendem de gírias e falam sobre atualidades, também gostam de cabelos modernos e também namoram. Novamente, quem pensa que as músicas que animam os bailes remontam aos tempos jurássicos, se engana: os hits do momento, como “Ai, se eu te pego” e “Sou foda” também estiveram no repertório e foram dançados. A idade, em momento algum, foi empecilho para a diversão, pelo contrário: se os jovens quiserem aprender como aproveitar uma festa – com responsabilidade -, devem perguntar aos experientes.

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