No limite entre a seriedade e a brincadeira

Caminhando na divisa entre os dois lados, o jornalismo tem divido opiniões com seu novo formato

As pessoas costumam dizer que o limite de um termina onde começa o do outro. O ditado popular é válido, mas será que pode reger aquela que tem se revelado uma promissora relação: jornalismo e humor? Uns julgam que uma boa pitada de humor pode salvar uma matéria da mesmice e do clichê jornalístico; outros acham que a seriedade é critério fundamental para sustentar a credibilidade de uma informação.

Aqui, no Brasil, esse relacionamento saudável já deixou frutos. O Custe o Que Custar (CQC), programa veiculado na Band às segundas-feiras, trata assuntos sérios, como a corrupção na política brasileira, com irreverência e humor inteligente. A fórmula deu certo: o programa já está na quarta temporada. Com um microfone em mãos e muita cara-de-pau, os integrantes buscam fugir ao padrão de uma reportagem jornalística, fazendo bom uso da coragem e da ironia em suas perguntas. Entrevistando de políticos a jogadores de futebol, o CQC recebeu 7 indicações ao International Emmy Awards e tem versões no Chile, Argentina, Espanha e Itália.

httpv://www.youtube.com/watch?v=vWJf-k1lis4&feature=relmfu

 Por outro lado, administrar a dosagem entre a seriedade e o humor em uma matéria exige astúcia e competência. Um exemplo da infelicidade de exagerar na dose veio em uma matéria no início deste ano. O assunto era a ameaça de bomba que causou evacuação em um prédio em São Paulo. Até aí, tudo certo. O problema foi que, aos 45 do segundo tempo, o repórter decidiu fazer uma analogia entre a notícia e uma música do grupo Tchakabum. Entre gregos e troianos, pessoas que gostaram do encerramento inusitado e aqueles que criticaram arduamente a proposta, o feedback negativo foi bem maior.

Uma editoria, em especial, vem adotando o estilo humorístico na composição de suas reportagens: o jornalismo esportivo. Apesar de futebol ser coisa séria, muitas emissoras não viram problema algum em remodelar o formato de seus programas esportivos e mergulhar sem medo nas piadas e trocadilhos. Como o previsto, isso não agradou uma parcela da audiência. Para o estudante Gerônimo Rodegheri Galeli, a mudança não foi positiva. “No jornalismo esportivo não dá certo! Essa “Thiago Leifertização” das notícias do futebol desvirtuou há muito tempo nossos domingos!”, opina. Já o acadêmico de Jornalismo, Jean Quevedo, acha que a tentativa é válida. “Como forma de expressão, creio que o humor possa ser aplicado em várias áreas. A harmonização, seja no jornalismo ou em qualquer outra área, cabe ao profissional e não ao formato escolhido. O problema é que o uso do humor passa pelo crivo da opinião, o que pode ser perigoso”, explica.

Pelo sim, pelo não, sempre há espaço para o bom e velho feijão com arroz do jornalismo. A criatividade está liberada, mas sem abusos. De qualquer forma, com bom ou mau humor, enquanto esse novo formato não se consolida, o texto, em qualquer editoria, está sujeito a críticas.

Confira alguns vídeos que falam sobre o humor no jornalismo:

httpv://www.youtube.com/watch?v=Bxd29G-op-A&feature=related

httpv://www.youtube.com/watch?v=YnYAQzrDLoQ

httpv://www.youtube.com/watch?v=0DiWLzrfFBY

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