A TV de Chateaubriand

Há 119 anos, em 04 de outubro de 1892, nascia Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo – o pioneiro da televisão no Brasil.

A televisão é um meio de comunicação que atinge praticamente todas as massas. Agora, pense comigo: como seria a sua vida sem tudo o que consumimos por meio deste aparelho? Difícil imaginar, não é?

Assis Chateaubriand ou apenas Chatô, você já deve ter ouvido falar um desses nomes. Pois bem, em 1950, ele foi o responsável pela introdução da televisão na América Latina.

Nascido em Umbuzeiro, interior da Paraíba, Chateaubriand foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil entre as décadas de 1940 e 1960. Além de jornalista, foi também empresário, advogado, professor de direito, escritor, construiu uma curta carreira política e foi membro da Academia Brasileira de Letras.

Veja a trajetória de Chatô:

1906: aos 14 anos, começou a trabalhar na área do jornalismo, escrevendo para o Jornal de Recife e o Diário de Pernambuco, fazendo comentários políticos e en­trevistando personalidades que chegavam nos navios.

1908: ingressou na Faculdade de Direito do Recife e trabalhou como aprendiz de repórter no jornal A Pátria. Trabalhou também no Jornal do Recife, no Diário de Pernambuco e no Jornal Pequeno.

1913: aos 21 anos, bacharelou-se em Direito. Ao formar-se, já era editor e redator-chefe do Diário de Pernambuco.

1915: foi para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Colaborou nos jornais A Época, Jornal do Commercio, Correio da Manhã, do Rio de Janeiro e também na edição vespertina d`O Estado de São Paulo.

O sonho de Chatô era “adquirir um jornal, como primeiro elo de uma cadeia”. Para conseguir o dinheiro, instalou uma banca de advocacia.

Graças ao seu bom relacionamento com pessoas importantes, conseguiu vários clientes e ações. Foi consultor para leis de guerra no Ministério das Relações Exteriores, no governo Nilo Peçanha, mas deixou o cargo para ser redator-chefe do Jornal do Brasil.

1919: Depois de deixar o Jornal do Brasil, foi convidado para ser correspondente internacional na Europa, trabalhando para o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Viajou pela Suíça, Inglaterra, França, Holanda, Itália e Alemanha, obtendo sucesso jornalístico e pessoal.

1924: com 32 anos, comprou seu primeiro jornal (O Jornal), base sobre a qual construiu seu império de comunicações, os Diários Associados, formado por 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, editora e a revista O Cruzeiro.

A partir daí, Chatô tornou-se uma personalidade conhecida no Brasil e no exterior, respeitado e temido pelos poderosos. Participou de todas as grandes campanhas de opinião de seu tempo.

1934: incorporou à sua cadeia o Diário de Pernambuco, jornal mais antigo em circulação na América Latina, no qual havia iniciado sua carreira de jornalista. Além dos Diários Associados chegou a possuir dez fazendas agropecuárias e laboratórios farmacêuticos.

1947: ajudou a fundar o Museu de Arte de São Paulo.

1950: em 18 de setembro começou a televisão no Brasil, com a fundação do primeiro canal de televisão, a TV Tupi. Como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida dos Estados Unidos.

“Vamos saudar a inauguração do mais subversivo instrumento da comunicação deste século!” Assis Chateaubriand, 18.09.1950

1951: elegeu-se senador pela Paraíba.

1955: elegeu-se senador pelo Maranhão.

1960: sofreu um derrame cerebral ficando totalmente paralítico. Mesmo nessa situação, viajou muito dentro e para fora do país, mantendo-se informado sobre tudo, dirigindo suas empresas e jornais.

1968: morreu em São Paulo, em  6 de abril.

Fontes:

CARNEIRO, Glauco. Brasil, primeiro: história dos Diários Associados. Brasília, D.F: Fundação Assis Chateaubriand, 1999. 698p.

MORAIS, Fernando. Chatô, o rei do Brasil.2. ed. São Paulo:Companhia das Letras, 1996.

SILVA, Jorge Fernandes de.Vidas que não morrem.Recife: Governo do Estado de Pernambuco. Departamento de Cultura, 1982. v. 1, p.77-79.  

Um pouco sobre Chatô

Figura polêmica, controversa, odiado, imprevisível e temido, Chateaubriand foi acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresasque não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos,incluindo uma proximidade tumultuada, porém rentosa, com o presidente Getúlio Vargas. Os políticos nutriam um misto de respeito, admiração e medo por Chatô, pois ele tinha a imprensa nacional nas mãos.

O MASP

Fundado em 1947, o MASP foi idealizado por Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi, jornalista e crítico de arte italiano. A princípio, instalou-se em quatro andares do prédio dos Diários Associados. Como São Paulo era, na época, a grande capital financeira, principalmente devido à circulação do dinheiro das indústrias e do café, decidiu-se que o MASP seria construído nessa cidade.

Três décadas de Rede Tupi

A Rede Tupi, TV Tupi ou simplesmente Tupi, foi a primeira emissora de televisão do Brasil e da América do Sul, fazendo parte do grupo Diários Associados. Depois de poucos meses de treinamento, alguns radialistas escolhidos por Chatô lançaram-se à aventura de fazer TV. Os estúdios eram pequenos, o equipamento precário, mas o nascimento da TV Tupi foi solene. Entrou a programação na tela dos cinco aparelhos instalados no saguão do prédio dos Diários Associados. No jornalismo, a emissora repetiu na televisão o sucesso do Repórter Esso, programa que marcou época no rádio brasileiro a partir de 1941. Abalada por problemas financeiros, mal administrada e sem investimentos, a Tupi foi perdendo a qualidade e a audiência. Junto a isso, as emissoras concorrentes foram ocupando os espaços vazios deixados pela pioneira. Ano após ano, a crise se aprofundava, os salários atrasavam cada vez mais e havia dívidas astronômicas junto à Previdência Social. Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, que foi interrompida com o pagamento parcelado dos débitos. Mesmo depois de tentativas para salvar e se manter, a TV Tupi teve sua concessão cassada pelo governo brasileiro em16 de julho de 1980.


Sem dúvida, Chateaubriand foi um dos maiores empresários da comunicação que o Brasil já teve, além de ser responsável por avanços tecnológicos enormes na comunicação do país e grande incentivador da arte. Prova disto é que, mesmo 119 anos depois de seu nascimento, sua influência continua viva na área do jornalismo e do entretenimento quando o assunto é informação.

Morreu em 4 de abril de 1968, mas já tinha escrito seu nome na história do país. Diante de tantas áreas em que atuou e devido a sua importância na política, arte e comunicação em território nacional, não foi à toa que acabou com o apelido de O Rei do Brasil.  

[stextbox id=”custom” caption=”Curiosidades”]

– Existe uma cidade no Paraná que leva o nome de Chateaubriand, numa homenagem ao homem influente junto aos poderes da esfera governamental, tanto do estado, quanto do país.

– Enredo de escola de samba No carnaval de1999, a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio homenageou Chateaubriand com o enredo “Ei, ei, ei, Chateau é o nosso rei!”

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Livro:

MORAIS, Fernando. Chatô, o rei do Brasil.2. ed. São Paulo:Companhia das Letras, 1996.

Coleção: “O Pensamento de Assis Chateaubriand”. Todos os 12.215 artigos escritos e publicados por Assis Chateaubriand na imprensa brasileira entre 1924 e 1968, o maior resgate memorialístico até hoje feito no país, composto de 45 volumes e mais cinco que incluem índices remissivos e onomásticos e uma coletânea de frases e pensamentos do autor.

No site da Fundação Assis Chateaubriand, você encontra informações sobre atuações no campo não memoralístico e memoralístico, projetos realizados, publicações e prêmios conquistados.

Veja uma vídeo-reportagem sobre Chateaubriand feita por alunos do Curso de Jornalismo da Faculdade Pitágoras Belo Horizonte, na disciplina de Telejornalismo. [/stextbox]

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