Numa era de constantes revelações musicais, a boa e velha MPB prova que nunca perdeu a majestade
Um ritmo que surgiu há décadas, mas que, até hoje, arrasta uma legião de admiradores. Em uma época em que a miscigenação de ritmos e estilos é o que mais agrada aos ouvidos da grande massa populacional, a Música Popular Brasileira é uma das poucas que transcendeu às gerações e ainda cativa com suas letras e melodias.
Segunda geração da Bossa Nova, a Música Popular Brasileira – também chamada MPB – surgiu a partir de 1966, representando a fusão da própria Bossa Nova com o engajamento folclórico dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, que defendiam, respectivamente, a sofisticação musical e a fidelidade à música de raiz brasileira. Com a mescla de ideias, os dois movimentos se tornaram uma ampla frente cultural contra o regime militar, especialmente após o golpe militar de 1964, fazendo da MPB a sua bandeira de luta.
Subgênero musical derivado do samba e fortemente influenciado pelo jazz norte-americano, a Bossa Nova surgiu no final da década de 1950, no Rio de Janeiro, como uma proposta de reformulação estética do moderno samba carioca urbano. No entanto, os anos seguintes lhe trouxeram o reconhecimento como um dos mais influentes movimentos da história da música popular brasileira, mundialmente conhecida e reveladora de nomes como João Gilberto, Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Baden Powell e Luiz Bonfá.
O surgimento da Música Popular Brasileira coincidiu com o declínio da Bossa Nova, até então considerado um gênero renovador na música brasileira, que imprimiu novas marcas ao samba tradicional. Contudo, já na primeira metade da década de 1960, uma nova geração de compositores anunciou transformações na Bossa Nova, culminando no fim do movimento na segunda metade daquela década.
Defendida por Elis Regina, em 1965, no I Festival de Música Popular Brasileira, a canção “Arrastão”, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, é o marco dessa transição entre o fim da Bossa Nova e o início da MPB. A partir dali, novos artistas como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda – considerados filhos da Bossa Nova – apareceram com frequência em festivais de música popular. Além de “Arrastão”, as canções “Disparada”, de Geraldo Vandré, e “A banda”, de Chico Buarque, foram vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, realizado em São Paulo em 1966, tornando-se também marcos desta ruptura e mutação musical.
A MPB pode ser considerada um gênero difuso, que abarcou diversas tendências da música brasileira ao longo das décadas. Iniciada com um perfil claramente nacionalista, ela se caracterizou, posteriormente, pela mescla de gêneros musicais como o rock, soul e o samba, originando um estilo conhecido como samba-rock; o pop e o samba, tendo como referência artistas como Gilberto Gil e Chico Buarque; e, no fim da década de 1990, a mistura da música latina influenciada pelo reggae e o samba, criando o gênero conhecido como samba reggae.
Atualmente, a Bossa Nova é homenageada em concertos, dentre os quais se destaca os 40 anos de Bossa Nova, com Roberto Menescal e Wanda Sá. Apesar do fim cronológico, o estilo não se extinguiu esteticamente, e serve, até hoje, como referência para gerações posteriores de artistas, do jazz ao pós-punk britânico.
[stextbox id=”custom” caption=”Curiosidade:”]27 de setembro é considerado o Dia da Música Popular Brasileira.[/stextbox]
Confira o playlist abaixo com alguns dos valiosos legados da MPB na música brasileira:
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