Organização e tradução: Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz

A fábula é uma das mais antigas formas de narrativa que a humanidade conhece, sendo um dos gêneros literários mais populares na China.
Assim como seus provérbios, as fábulas chinesas nos convidam a refletir e trazem em sua maioria, histórias com lição de moral (explícita e implicitamente), sátiras e têm geralmente animais como personagens principais, para fazer reflexões sobre o cotidiano do ser humano.
Em “50 Fábulas da China Fabulosa”, Capparelli e Schmaltz apresentam uma viagem pelas diferentes dinastias chinesas, representando diversos momentos históricos e estilos daquela civilização.
As fábulas mais antigas presentes na obra remetem ao século IV a.C., se estendendo até o século XVII, cobrindo mais de 2 mil anos de história da China.
Além das fábulas traduzidas, o livro traz também a versão original, escrita em chinês, por autores que eram poetas, mandarins, historiadores e sábios da antiga China.
mandarim = nome que os portugueses deram para designar os funcionários públicos chineses
Cada fábula é acompanhada por uma ilustração, feitas a partir da arte do ‘papel recortado’, técnica muito comum neste país. Essa arte consiste em recortar um papel fino no qual são feitos pequenos desenhos. Parece simples, mas exige do artista muita sensibilidade para fazer os pequenos e delicados cortes com a tesoura e criar assim, as figuras que na maioria das vezes representam cenas cotidianas e animais.
Histórias instigantes surgem logo nas primeiras páginas, como “O homem que vendia lanças e escudos”. Ela narra a história de um homem que se vangloriava por vender as lanças mais afiadas que perfuravam qualquer coisa, e os escudos mais fortes. Ao final da fábula, alguém levanta um questionamento à esse homem: “E o que acontece se suas lanças batem nos seus escudos?”. O vendedor não soube responder.
Outra fábula interessante é “A corça e o tigre”, que mostra a estupidez de alguns diante da habilidade de outros. “O amor pelos dragões” permite até que se faça uma análise semiótica, diferenciando o que seria gostar de um dragão de verdade ou daquilo que apenas representava um dragão.
Imagina-se que a escolha das 50 fábulas não foi um trabalho muito fácil, como contam os próprios tradutores Sérgio e Márcia na introdução do livro. O esforço valeu à pena e resultou em uma obra excelente, agradável aos olhos e a imaginação, que convida ao leitor a descobrir um pouco mais sobre esse povo e que transmite incríveis histórias e propõe reflexões.
