Alforria da arte pela realidade social

Grupo de São Paulo fez apresentação em Passo Fundo ao ar livre numa noite iluminada pela lua.


por Karina Oliveira e Giordana Pezzini

O teatro de rua é uma das mais antigas manifestações culturais e populares no Brasil, pois traz na história influências de folguedos nordestinos e literatura de cordel*.  Com uma pitada de commedia dell’arte, os grupos de rua contemporâneos improvisam as cenas interagindo com o público.

FOTO/Karina Oliveira

A lua cheia no céu pouco estrelado anunciava um espetáculo que traria, antes mesmo da apresentação, sorrisos e olhares atentos do público. Eles vieram de São Paulo, e trouxeram consigo o prazer do que fazem representado no olhar, um sorriso sempre presente; o senso de humor estava tão perceptível, tão evidente, que chegou fácil à nossa emoção.O grupo de teatro de rua “Buraco d’Oráculo” esteve em Passo Fundo na última sexta-feira 15, em uma apresentação na Praça Ernesto Tochetto, trazendo em sua peça a realidade de muitas famílias brasileiras.

A apresentação começou e a plateia já estava se sentindo em casa, eram esperados com o café quentinho no bule. A contação de histórias iniciou e o público chegou bem pertinho, fechando um círculo em volta das personagens, ouvindo atentos tudo que lhes era contado. O ator e coordenador do grupo Edson Paulo conta que “ Os espetáculos foram montados a partir de histórias de moradores da zona leste de São Paulo, no bairro de São Miguel Paulista, que é onde o grupo está sediado desde 2002. O grupo pesquisou sobre a vida desses moradores, sobre a construção desse pedaço da região de São Paulo e construiu o espetáculo chamado “Ser TÃO Ser – Narrativas da Outra Margem”. O espetáculo partiu da questão da migração para falar desse pedaço de São Paulo formado pela migração nordestina, nas décadas de 70, 80;  mas as pessoas aqui da região também se reconheceram nessa história, porque eles também estavam num processo de mudança, de ir pra algum lugar”.

Relatando a opressão imposta pelas autoridades locais, o povo representado no espetáculo busca um espaço na realidade do mundo. Com versos, rimas e uma viola, os atores envolvem o público em suas cantigas, interagindo e permitindo que todos mergulhem nas histórias narradas.

“É claro que há muito de ficção, de literatura adaptada para o teatro, como no personagem José Justino, mas tudo partiu de histórias reais”, como neste trecho da peça:

httpv://www.youtube.com/watch?v=TPJ5wQr-mmg

Esse foi mais um dos eventos realizados pelo SESC Passo Fundo, como conta a presidente Lisângela Antonini, “O teatro de rua é uma ação que o SESC prioriza em razão de estar apresentando para o público de forma gratuita, mais uma grande forma de espetáculo, é uma forma popular, aberta para que as pessoas participem e conheçam, se por ventura ainda não conhecem e que tenham acesso a cultura também por esse intermédio”. Segundo a presidente, a cidade cada vez mais apresenta expectativa para receber espetáculos e a forma como a população participa é cada vez maior. Antonini destacou ainda algumas das próximas atividades do SESC Passo Fundo:

A professora do curso de Serviço Social da Universidade de Passo Fundo, Clenir Moretto, destaca a importância desses eventos para Passo Fundo: “Apesar de termos excelentes grupos de teatro de rua aqui, é interessante que venham grupos de fora, porque a comunidade pode usufruir sem pagar nada, pode estar passando na rua, indo para casa e encontrar uma peça de teatro como essa, sentar, assistir e voltar para casa diferente”.

* A literatura de cordel é a criação de poesias populares, impressas e divulgadas em folhetos, ilustradas em xilogravura. Esse material era amarrado e pendurado em cordões em pequenas lojas, mercados e nas ruas, e muitas vezes eram recitados acompanhados de violas em praças públicas.

Fontes: http://www.memoriaviva.org.br

http://pt.wikipedia.org

Vídeo: Fabiana Beltrami (gravação feita com celular)

[nggallery id=33]
Rolar para cima